Após a escolha do presidente Jair Bolsonaro (PL) por Angelita Lima para a Reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG), cuja chapa foi a terceira colocada na lista tríplice encaminhada pelo Conselho Universitário, o grupo que comanda atualmente a instituição adotou um discurso de união ao lado da nova reitora para não permitir retrocessos na instituição. A possibilidade de ela não assumir o cargo em protesto pela decisão do presidente foi descartada definitivamente, já que abriria espaço para uma intervenção na universidade, e Angelita já anunciou que vai colocar nomes da chapa da ex-vice-reitora Sandramara Chaves, a mais votada pela comunidade acadêmica, em postos de comando da sua gestão.
Angelita e Sandramara fazem parte do mesmo grupo político, liderado pelo ex-reitor Edward Madureira, e a nova reitora garante que seu projeto no comando da UFG será o mesmo da chapa vencedora. “Eu não estou fora do projeto. Estou no projeto e ela (Sandramara) não abandona o projeto. A forma de viabilizar isso não temos condições de responder. Eu, Sandramara, Edward e Jesiel Carvalho (primeiro nome da lisa tríplice para vice-reitor) vamos defender esse projeto”, afirmou Angelita ao colunista Caio Henrique, do jornal O Popular.
A nova reitora classificou como “uma página triste” da UFG a não escolha da chapa mais bem votada pela comunidade acadêmica e se solidarizou com Sandramara. A ex-vice-reitora também criticou muito a decisão presidencial, mas também defendeu a união do grupo para blindar a nova gestão. “Acredito que a professora Angelita deve, sim, tomar posse, e nós devemos apoiá-la. Ainda que nos indignemos, o que precisamos pensar neste momento é na Universidade Federal de Goiás, que sai mais forte”, afirmou em entrevista.
O grupo agora vai definir a ocupação dos postos-chave dentro da Universidade para garantir a unidade política. A entrada de Angelita na lista tríplice, assim como da professora Karla Emmanuela Ribeiro Hora, foi uma maneira de emparedar o governo federal para que ele seguisse a tradição de escolher a chapa mais bem votada. Ambas são ligadas a partidos de esquerda e Angelita já foi candidata a deputada estadual pelo PT, enquanto Sandramara sempre se manteve distante de questões político-partidárias. Mas Bolsonaro preferiu dobrar a aposta e contrariar a comunidade acadêmica, mesmo isso lhe custando a nomeação de alguém mais à esquerda do que a indicada pelo Conselho Universitário.