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As pressões do governo sobre o Banco Central não surtiram efeito. Pela sexta vez seguida e por unanimidade, o Copom manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano – mesmo patamar desde agosto – e não sinalizou quando fará um corte. A decisão da primeira reunião após a apresentação da versão final do arcabouço fiscal está em linha com as expectativas dos analistas.
Segundo o comunicado, a reoneração dos combustíveis e a apresentação da proposta de arcabouço fiscal reduziram parte da incerteza oriunda da política fiscal. O ambiente inflacionário, porém, ainda requer atenção e o processo de queda da inflação tende a ser mais lento. O Copom ainda não indicou quando pode começar a reduzir os juros. A expectativa do mercado é que isso ocorra em setembro e que 2023 termine com a Selic em 12,5% ao ano.
A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) considera que o atual patamar de juros básicos da economia brasileira desestimula investimentos produtivos, com impacto direto sobre a geração de mais emprego e renda à população. “No cenário atual, a inflação no Brasil está pouco ligada ao consumo. Por isso, a manutenção dos juros em patamar elevado não tem surtido o efeito esperado e, em contrapartida, tem impactado na desaceleração da economia” avalia o presidente da entidade Sandro Mabel.
Reflexos
Para a Fieg, reflexos dessa alta taxa de juros começam a surgir, como aumento de tarifas bancárias, com elevação dos juros na ponta ao consumidor; encarecimento do crédito; queda no consumo com impacto no Produto Interno Bruto (PIB); redução do emprego e renda da população; além do desestímulo aos investimentos produtivos, pois passa a ser mais vantajoso investir em aplicações do que na produção.
Para o mestre em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais e especialista de Estratégia & Mercado no Sicoob UniCentro Br, Pedro Vitor Garcia Ramos, a decisão do Copom não surpreende. Mas, avalia que o cenário do segundo semestre é de expectativa de queda nos juros. “Com taxas menores, é esperado que a atividade econômica expanda mais do que o previsto, fazendo com que o Brasil supere as expectativas de crescimento postas no fim do ano passado. O cenário ainda é de cautela”, afirma.
Segundo ele, também com o possível fim do aperto monetário internacional, o Brasil pode propor a redução dos juros para o próximo semestre.
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