No primeiro evento interno da Universidade Federal de Goiás (UFG) após a escolha do novo comando da instituição pelo presidente Jair Bolsonaro, o ex-reitor Edward Madureira e a ex-vice-reitora Sandramara Chaves defenderam hoje a união da comunidade acadêmica para blindar a gestão de Angelita Lima, que assume a função na próxima semana, e criticaram a decisão presidencial. Sandramara foi a mais votada na eleição interna, mas foi preterida pelo presidente, que nomeou Angelita, a terceira colocada na lista tríplice encaminhada pelo Conselho Universitário.
“Esta instituição (a UFG) permanece muito viva, muito forte e vai saber lidar com tudo isso, com toda esta violência, esta brutalidade, esta maldade que se abateu sobre nós nesta semana”, afirmou Edward Madureira, durante posse da nova diretoria do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da universidade. Ele disse que decisão de não escolher o nome mais votado faz parte de um projeto de “desestabilização da universidade pública brasileira” da gestão Bolsonaro.
Sandramara, que teve Angelita como uma de suas coordenadoras de campanha, defendeu a união da comunidade acadêmica em torno da nova gestão da UFG. “O que eu disse desde o primeiro momento e ressalto aqui é a importância de apoiarmos a professora Angelita para que ela assuma a gestão desta universidade e dê continuidade a um projeto que nós acreditamos. Nós temos certeza de que ela e a equipe dela farão isso, um projeto de uma universidade inclusiva, socialmente referenciada, que respeita as diferenças, que respeita a pluralidade que a compõe.”
É consenso na cúpula da UFG que a orientação dos assessores do presidente para que ele não escolhesse a candidata mais votada é uma tentativa de desestabilizar politicamente o grupo de Edward, que tem fortes ligações com o PT (ele e Angelita já disputaram mandato de deputado pelo partido). Dentro desta tese, a cúpula do Ministério da Educação trabalharia com dois cenários: Angelita poderia se recusar a assumir a função, abrindo espaço para uma intervenção na universidade; ou, ao assumir, estará mais suscetível a turbulências políticas internas, já que não contou com o mesmo respaldo da comunidade acadêmica que Sandramara. O mandato é de quatro anos.
Por isto o esforço agora do grupo político ligado a Edward é para mostrar unidade dos membros que compõem a instituição para o enfrentamento do adversário comum, que é o atual governo federal. A perspectiva é de que Angelita coloque nos cargos de maior relevância professores que compunham a chapa de Sandramara, para dar seguimento ao projeto de gestão da candidata preterida e manter o grupo coeso.