Enquanto o mundo tenta entender o que levou o republicano Donald Trump de volta à Casa Branca mesmo com 34 acusações criminais, uma condenação e dois processos de impeachment, o Brasil começa a ter os primeiros sinais de como a consagração do presidente eleito nos Estados Unidos pode ecoar na extrema direita por aqui.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está inelegível até 2030 e ainda é investigado por tentativa de golpe e por ter surrupiado e vendido as joias sauditas, podendo ser condenado a até 23 anos de prisão. Mas a vitória expressiva do republicano alimenta nele a esperança de retornar ao poder já nas eleições presidenciais de 2026.
O caminho para se candidatar no próximo pleito seria uma anistia do Congresso, que Bolsonaro considera capaz de conseguir para reverter sua situação jurídica.
Falta combinar com o Congresso. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, ainda não oficializou a criação do grupo de trabalho que discutirá o projeto de lei que pretende anistiar os condenados pelos ataques golpistas em Brasília.
No último dia 28, Lira retirou o projeto da Comissão de Constituição e Justiça e anunciou a criação da comissão especial. Na prática, a discussão do projeto recomeçará do zero.
Temer descarta vice
Mencionado por Bolsonaro como possível candidato a vice, o ex-presidente Michel Temer (MDB) descartou essa possibilidade. “Aquilo é uma brincadeira, só pode ser. Achei esquisitíssimo”, afirmou.
Temer, que estava na presidência quando Trump foi eleito em 2016 e indicou Alexandre de Moraes ao STF, acredita que a vitória do republicano não afetará a inelegibilidade de Bolsonaro. “Você veja o que o Alexandre fez no caso do Elon Musk. Por mais pressões variadas que existissem, a posição dele foi firme.”