Na semana em que foi divulgado que o desmatamento do Cerrado atingiu maior nível desde 2015, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciou que vai te que parar de monitorar o desmatamento do bioma por falta de recursos. Cientistas dizem que as fontes de financiamento se esgotaram e não há previsão de novos aportes. O monitoramento deve ser desativado até abril.
O desmatamento e outras formas de retirada de vegetação nativa no Cerrado aumentaram 8%, para 8.531 quilômetros quadrados, nos 12 meses até julho, o período oficial do Brasil para medir o desmatamento anual. É o equivalente a cinco vezes e meia o tamanho da cidade de São Paulo.
O Cerrado é conhecido como “floresta invertida” pelas raízes profundas de suas plantas, que perfuram o solo para sobreviver a secas e incêndios sazonais. A destruição dessas árvores, gramíneas e outras plantas no Cerrado é uma das principais fontes das emissões de gases de efeito estufa do Brasil, embora a área seja muito menos densamente florestada do que a floresta amazônica, com a qual faz fronteira. O bioma é também conhecido como berço das águas e sua devastação afeta diretamente o abastecimento de algumas das principais bacias hidrográficas do País.
Em entrevista à rádio Sagres 730, o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Laerte Guimarães, coordenador do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG) informou que sem recursos privados e sem o financiamento do governo, o trabalho do LAPIG ficará prejudicado. “Desde 2016, quando começamos o monitoramento na UFG, os fundos privados e os internacionais para a pesquisa foram gerados pelo Banco Mundial. O LAPIG é responsável por gerar os dados de desmatamento e desenvolver uma plataforma para disponibilizar estes dados. Ainda há a incerteza acerca dos recursos para que o sistema de monitoramento possa continuar funcionando” explicou o professor à Sagres 730.