De acordo com o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas da Serasa, mais de 70 milhões de brasileiros fecharam 2023 com pendências financeiras. O cenário aponta que as famílias estão cada vez mais endividadas e isso está diretamente relacionado a um setor da economia chamado de NPL (Non Performing Loans), que diz respeito a venda de carteiras de dívidas inadimplentes por parte das empresas que possuem clientes devedores.
A cessão de créditos de dívidas inadimplentes funciona como uma alavanca para as empresas. É uma forma de antecipar caixa, transformando o crédito, antes congelado no balanço, em investimento ou capital de giro.
“Em 2023, tivemos um total de R$ 34 bilhões transacionados com a venda de carteiras inadimplentes de 36 empresas cedentes. Há quatro anos, apenas 10 empresas integravam esse mercado, que, apesar de ter pisado um pouco no freio em 2023, se compararmos com 2022, está em franco crescimento”, afirma Wagner Sanches, CEO da Recovery, empresa líder na compra e gestão de créditos inadimplentes no Brasil.
“Quando olhamos o que foi disponibilizado para venda, ou seja, o total que foi colocado à venda por empresas cedentes, mas que não necessariamente foi vendido, estamos falando de um valor na ordem de R$ 62 bilhões”, diz o executivo.
Desenrola Brasil
Um dos principais motivos que impactou nesta diferença entre os R$ 62 bilhões disponíveis e os R$ 34 bilhões vendidos foi o Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas do governo federal. Segundo o executivo, empresas cedentes aguardaram o programa ganhar força, antes de decidir sobre a venda de suas carteiras.
“Neste sentido, o próprio Desenrola pode voltar a fomentar o mercado de NPL com as carteiras de inadimplentes que poderão ser colocadas à venda, no final de 2024. Vale ressaltar que já sentimos uma boa reação do mercado no quarto trimestre de 2023, com a retomada das vendas e o nosso time comercial aponta para um primeiro trimestre aquecido”, pontua Wagner.
As perspectivas para esse ano são positivas. Mesmo com a prorrogação do Desenrola, o primeiro trimestre deve contar com empresas cedentes buscando o mercado para colocar suas carteiras à venda, tendo em vista que o governo federal não irá adicionar novos players no Desenrola. “Nossa expectativa é que a venda de carteiras inadimplentes chegue bem perto do patamar de 2022, que fechou com R$ 62 bilhões”, diz o executivo.
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