O mau humor do mercado financeiro com o pacote fiscal continuou sendo refletido na cotação do dólar na sexta-feira (29/11). Pela manhã, a moeda americana chegou a marcar R$ 6,12.
Mas o compromisso dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de uma rápida tramitação das medidas fiscais anunciadas pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) seguraram a alta. No fim da sessão, o dólar avançou 0,19%, a R$ 6, nova máxima histórica.
O mês passado também foi marcado pela eleição de Donald Trump e valorização do dólar lá fora (alta de 3,8%).
Alta histórica
A cotação do dólar superou, na quinta-feira (28/11), pela primeira vez na história, o patamar de 6 reais no Brasil, após o governo anunciar um ajuste fiscal de 70 bilhões de reais até 2026. Desde que o real entrou em circulação, em 1994, a moeda americana nunca havia atingido esse valor, de acordo com a série estatística do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
Tudo isso reflete a frustração do mercado com o pacote de corte de gastos apresentado pelo ministro Fernando Haddad. A recente alta tem sido impulsionada por incertezas fiscais e políticas, especialmente no contexto das reformas tributária e fiscal que o governo federal busca implementar. Além de questões internas como a condução das políticas econômicas pelo governo Lula e a percepção de instabilidade política no Brasil.
A elevação da taxa do dólar também pode ser explicada pelo contexto global, com um aumento da aversão ao risco no mercado internacional, que tem levado os investidores a buscar ativos mais seguros, como o dólar.
A combinação de um cenário doméstico de incerteza fiscal e um panorama internacional volátil tem pressionado a moeda brasileira para baixo. Apesar das políticas monetárias do Banco Central, que tenta controlar a inflação com taxas de juros ainda elevadas.
Expectativas
A expectativa é que o dólar continue a apresentar uma volatilidade elevada até que o governo consiga demonstrar mais clareza em relação a suas políticas fiscais e econômicas. O mercado deve continuar cauteloso, monitorando as movimentações políticas e fiscais no país, já que a percepção de um desajuste fiscal, que pode gerar novos déficits, impacta diretamente a confiança do investidor no real.
Em suma: o dólar se aproximando de R$ 6,00 é um reflexo de um cenário de desconfiança quanto à sustentabilidade fiscal do Brasil e à estabilidade política do país, com a moeda americana funcionando como um termômetro da instabilidade econômica e política interna.