Oito entidades ligadas à Universidade Federal de Goiás e ao ensino superior de uma forma geral assinaram nesta terça-feira uma nota de repúdio contra a decisão do presidente Jair Bolsonaro (PL) de ignorar a ordem da lista tríplice encaminhada pelo Conselho Universitário e nomear a professora Angelita Lima, terceira na lista, para ser a nova reitora da UFG nos próximos quatro anos. As entidades reclamam que o presidente ignorou a vontade democrática da comunidade acadêmica, que em junho escolheu em votação a vice-reitora Sandramara Chaves para o posto.
“O ato de Bolsonaro e seu ministro da Educação desrespeita a vontade da maioria dos professores, estudantes e trabalhadores técnico-administrativos da instituição e despreza a autonomia universitária”, afirma a nota, assinada pelo Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato), o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos das IFEs do Estado de Goiás (Sint-Ifesgo), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFG, a Associação de Pós-Graduandos da UFG, a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), a União Estadual dos Estudantes de Goiás (UEE-GO), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Associação de Egressos e Egressas da UFG.
As entidades lembram que a autonomia das universidades federais brasileiras está prevista na Constituição Federal para blindar a produção científica de questões políticas e mudanças de governos. “Ao desrespeitá-la, Bolsonaro quebrou uma tradição de décadas, que pode provocar instabilidade na UFG, e faz parte do projeto político deste Governo e seus generais que promovem o desmonte da universidade pública e o avanço do autoritarismo”, diz a nota.
A indicação de Angelita pelo Conselho Universitário fazia parte, na verdade, de uma manobra política para forçar a nomeação de Sandramara Chaves. É que Angelita, assim como a segunda colocada da lista, Karla Emmanuela Ribeiro Hora, são ligadas a partidos de esquerda, enquanto a mais votada sempre se manteve distante de questões político-partidárias. No entanto, o governo federal resolveu dobrar a aposta e nomeou Angelita, com o objetivo, segundo membros da cúpula da UFG, de gerar confrontar a academia e gerar instabilidade na instituição.
Angelita é do grupo do ex-reitor Edward Madureira e foi uma das coordenadoras da campanha de Sandramara. Karla também é ligada ao grupo. A nota ainda lembra que Bolsonaro já nomeou outros 20 reitores de instituições federais de ensino superior que não foram os mais votados para compor a lista tríplice.