O prefeito eleito Sandro Mabel (União Brasil) anunciou, até o momento, a metade dos nomes que vão ocupar o primeiro escalão na Prefeitura de Goiânia a partir de 1º de janeiro próximo. A outra metade (quase 14 secretarias e agências municipais) deve ser anunciada até a semana que vem. Apesar disto, o prefeito eleito começa a receber críticas sobre alguns nomes já anunciados.
Um dos mais criticados, até o momento, é o advogado e empresário Uugton Batista, anunciado para a Secretaria da Cultura de Goiânia. Entretanto, a sua forte ligação com a família Bolsonaro e com cantores sertanejos goianos é vista com muita preocupação pelo setor cultural da capital. Além disso, pairam sobre ele suspeitas, inclusive com processos na Justiça movidos por sua ex-mulher.
O vereador Fabrício Rosa (PT), presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente (CDCA), criticou duramente a nomeação. Disse que Uugton Batista é conhecido como “lobista do sertanejo” e que teve uma condenação por porte ilegal de arma de fogo, além de acusações de violência doméstica e um caso de homicídio culposo no trânsito.
“O próximo secretário de Cultura foi acusado de aliciar as próprias filhas e já chegou a agredir fisicamente um parlamentar quando era chefe de gabinete do ex-jogador e ex-vereador Túlio Maravilha”, disse Fabrício Rosa. Sandro Mabel afirmou que todos os antecedentes dos nomes anunciados por ele são verificados. “Antes de chamar o secretário, a gente puxa a capivara dele inteira”, disse.
Uugton Batista disse que as acusações feitas por sua ex-mulher foram motivadas por “disputas pessoais” e “problemas de saúde mental”. Afirmou ainda que processos por violência doméstica foram arquivados pelo Ministério Público de Goiás e pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Em relação sobre a morte de duas pessoas atropeladas em 2019, Uugton disse que foi um “infortúnio causado por condições adversas da pista”.
Grupo de Anápolis
A indicação de três nomes que ocuparam cargos na gestão do prefeito Roberto Naves (Republicanos), de Anápolis, tem gerado críticas no meio político de Goiânia. São eles: Valdivino de Oliveira, Eerizania de Freitas e Francisco Lacerda.
O economista Valdivino Oliveira assumiu a Secretaria de Finanças de Anápolis em janeiro de 2021. Principal missão: aumentar a arrecadação do município. Ficou no cargo até o final de 2022. Ex-deputado federal pelo PSDB, Valdivino começou sua carreira na Prefeitura de Goiânia no início da década de 80, onde ocupou diversos cargos. Também foi secretário de Fazenda do governo estadual na década de 90.
Eerizânia Freitas (União Brasil) é professora efetiva na rede municipal de Anápolis. Se destacou na atual gestão de Roberto Naves como secretária municipal da Educação e na área social. Disputou a eleição deste ano para a Prefeitura, apoiada pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e pelo atual prefeito, ficando em terceiro lugar. Ela vai comandar a Secretaria de Política Para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos na Prefeitura de Goiânia.
Já o engenheiro Francisco Lacerda vai tocar a pasta responsável por maior parte das obras em Goiânia, a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra). O mesmo cargo que ocupou na Prefeitura de Anápolis, na gestão de Roberto Naves, até janeiro de 2022. Ele também foi secretário municipal de obras em Senador Canedo e ocupou cargos de diretor financeiro na estatal federal Valec e no Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT).
Base governista
Sandro Mabel tem afirmado nos bastidores que alguns dos nomes que ele já anunciou para a sua equipe foram indicações do União Brasil, do governador Ronaldo Caiado, e do MDB, do vice Daniel Vilela. Mas dirigentes de ambos partidos garantem que nenhum nome anunciado até agora pelo prefeito eleito tem indicação de uma das duas legendas e muito menos do governador ou do vice.
Segundo informou nesta quarta-feira (25/12) a coluna Giro do jornal O Popular, apesar da tentativa de Mabel vincular os anúncios feitos a costuras políticas, as escolhas pessoais do prefeito eleito prevaleceram. Também não houve, até o momento, nenhum aceno ao MDB, que há algum tempo demonstra, nos bastidores, insatisfações.
Vale lembrar que o partido de Daniel Vilela tentou emplacar a vice de Sandro Mabel, mas ficou de fora da chapa majoritária para dar espaço ao grupo político do deputado Bruno Peixoto (União Brasil), presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). O MDB também não deve emplacar o próximo presidente da Câmara de Goiânia, uma vez que Mabel já anunciou que vai apoiar uma nova reeleição do atual presidente Romário Policarpo (PRD) no comando do Legislativo municipal.
O descontentamento já bate até mesmo na porta do próprio partido de Sandro Mabel, o União Brasil, que descarta ter indicado qualquer nome até agora para a futura equipe do prefeito eleito. “Se for para ser do partido, que ele nos atenda de outras formas. Que tenha indicações nossas”, disse uma liderança da legenda ao Giro.