A equipe de transição do presidente eleito Lula (PT) sofreu nesta quinta-feira (17/11) a sua primeira baixa: o ex-ministro Guido Mantega. Ele atuava como voluntário no grupo de Planejamento, pediu desligamento. Em carta ao vice-presidente eleito e coordenador da equipe Geraldo Alckmin (PSB), Mantega disse que opositores usavam sua condenação no TCU pelas “pedaladas fiscais” para “tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo”. Entretanto, sua presença na equipe foi alvo de muitas críticas no Congresso Nacional e no mercado financeiro.
A prioridade da equipe de Lula é aprovar a PEC que retira do teto de gastos as despesas com o Bolsa Família, ainda chamado Auxílio Brasil. Mas, num segundo momento, o objetivo é retirar o próprio teto da Constituição. Segundo Geraldo Alckmin (PSB), “não há hipótese de haver irresponsabilidade fiscal” na gestão de Lula. E enfatizou que as oscilações do mercado financeiro não se justificam.
Alckmin afirmou que o governo fará um corte de gastos com revisão de todos os contratos e análise detalhada das despesas. Disse ainda que uma prioridade será a reforma tributária, mas que neste momento é necessário corrigir o Orçamento. O vice-presidente eleito já havia procurado acalmar o mercado após Lula fazer uma nova crítica ao teto de gastos.
Tramitação
Aliás, a tramitação da PEC da Transição começa a ganhar forma. O presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), deve avocar a função de relator. Já disse que a retirada do Bolsa Família do teto terá um prazo delimitado, de um a quatro anos, contrariando a vontade da equipe de transição.
Mas, três importantes economistas que apoiaram Lula no segundo turno – Pedro Malan, Edmar Bacha e Armínio Fraga – divulgaram uma carta aberta ao presidente eleito negando que a responsabilidade fiscal seja “uma conspiração para desmontar a área social” e explicando que a inflação, resultado do descontrole de gastos, é nociva para todo o país.
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