Especialistas começaram a fazer alerta para o risco cada vez maior do jumento entrar em extinção no Brasil. Principal motivo: cresceram os abates do animal no País. Somente em 2021, segundo o Ministério da Agricultura, em média 6 mil jumentos foram abatidos por mês. Isto para a produção de ejiao, uma espécie de gelatina fabricada com o couro do animal para ser utilizada na medicina tradicional chinesa.
Para se ter uma ideia existe uma demanda anual de 4,8 milhões de peles de jumento a um custo unitário de US$ 4 mil (cerca de R$ 20 mil) cada pele. De acordo com o IBGE, houve uma queda populacional de 38% entre esses animais entre 2011 e 2017.
O alerta dos especialistas foi feito nesta quarta-feira (14/6) na Câmara dos Deputados, onde tramita um projeto de lei que proíbe o abate de jumentos no Brasil, a fim de se evitar a extinção da espécie e a perda de parte da cultura nacional. Jumento, asno e jegue são nomes regionais diferentes dados para exatamente o mesmo animal: o Equus asinus, uma espécie de “parente” do cavalo, famoso por sua grande resistência física.
Biodiversidade
A coordenadora do Departamento de Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente, Vanessa Negrini, alertou para a aceleração do processo de extinção dos jumentos. Fato que, segundo ela, prejudica a biodiversidade brasileira. “A ideia é desenvolver pesquisas na área de zootecnia celular para se produzir um estoque de ejiao, o colágeno do jumento, que é a parte valorizada, sem a necessidade do abate”, disse.
“A humanidade está matando animais para algo que os dermatologistas já estão dizendo que não serve mais. O pessoal passou tanto tempo tomando colágeno para agora descobrir que funciona muito pouco”, declarou o deputado Célio Studart (PSD-CE). A proibição do abate de jumentos, sustentou o deputado, não causará prejuízos ao erário nem afetará a economia brasileira de forma significante.