O ex-ministro Henrique Meirelles (PSD) virou o ano sem confirmar quando vai deixar o cargo de secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo para se dedicar mais à sua pré-campanha a senador por Goiás. Segundo a coluna Giro, do jornal O Popular, a expectativa dos aliados era de que ele fizesse isto logo, não só para acelerar as composições, mas também para afastar dúvidas sobre seu projeto político. O ex-presidente do Banco Central não conta com residência fixa em Goiás e tem ficado hospedado em um hotel em Goiânia nos finais de semana que vem para reuniões políticas.
Meirelles chegou a sinalizar que entraria 2022 mais presente no Estado, mas acabou assumindo em dezembro a coordenação do programa econômico do pré-candidato a presidente João Doria (PSDB). Inicialmente, sua equipe ficou receosa com a mensagem que o envolvimento com a disputa presidencial poderia passar para o meio político goiano e chegou a negar sua presença na equipe de Doria, mas logo o pré-candidato assumiu o discurso de que é uma função compatível com a pré-candidatura ao Senado.
Foi a mensagem que Meirelles reforçou na coluna Painel, da Folha de S. Paulo, neste domingo, ao dizer que a prioridade continua sendo a candidatura em Goiás, que a equipe econômica de Doria conta com vários nomes experimentados e a função de coordenador, portanto, não vai exigir muito o seu tempo. Sempre lembrado como um possível ministro de um eventual governo Lula, o goiano disse também à Folha, no dia 22 de desmembro, que era prematuro discutir a possibilidade. “Isso é prematuro. O fato é que estou trabalhando com o Doria, que está concorrendo com o Lula.”
O receio da equipe de Meirelles é de que sua presença no debate nacional acabe por passar a mensagem de que o projeto eleitoral em Goiás é secundário e que ele estaria, mais uma vez, interessado em alçar voos mais altos. Eleito deputado federal mais votado em Goiás em 2002, o goiano renunciou ao mandato para virar presidente do Banco Central no primeiro governo Lula. Depois disto, chegou a ensaiar mais de uma vez uma candidatura a governador de Goiás, mas acabou recuando. Nas eleições de 2020, disputou a Presidência da República pelo MDB, terminando na 7ª posição.