Se o governo Lula não adotar novos cortes de gastos públicos, o vencedor da próxima eleição presidencial pode chegar ao poder, em 2027, com dificuldades orçamentárias — independentemente de quem seja o presidente.
Estudo do Núcleo de Economia e Assuntos Fiscais da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados mostra que “a situação discricionária [gastos não obrigatórios] do orçamento federal já pode ser avaliada como crítica, especialmente a partir de 2027, com tendência de agravamento acelerado”.
O espaço para gastos livres dos ministérios projetado pela consultoria para 2027 é de R$ 29,6 bilhões, pequeno para todas as demandas. A partir de 2029, o espaço fica negativo, não podendo ser reservados mais valores para essas despesas.
Já os gastos obrigatórios, que têm regras específicas fixadas em leis, continuarão crescendo. Com isso, aquilo que o governo não pode cortar começará a ocupar, progressivamente, o espaço dos gastos livres dos ministérios.
Bolsa Família
A Casa Civil negou que haja um estudo sobre um possível aumento no valor do Bolsa Família. “Esse tema não está na pauta do governo e não será discutido”, diz a nota do ministério de Rui Costa.
Tal possibilidade foi levantada, em entrevista à Deutsche Welle, pelo ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, que afirmou que a medida poderia ser tomada para enfrentar alta no preço dos alimentos.
Um aumento no benefício social precisaria ser incluído no orçamento federal, o que implicaria em corte de gastos em outra rubrica ou maior arrecadação.