Com sinais de uma crise hídrica, a recuperação econômica esperada no segundo semestre pode não ser alcançada. Pesquisador da UFRJ, Renato Queiroz diz ao jornal Valor que será “muito difícil” não haver racionamento de energia neste ano, colocando em risco o aumento de demanda dos setores produtivos. O governo Bolsonaro já estuda uma série de ações incluindo a restrição do uso de água para irrigação, o que já desagradou o setor agrícola e a bancada ruralista. Para representantes, a iniciativa vai afetar produtos como milho e teria impacto nos preços, pressionando ainda mais a inflação.
O governo também editou decreto que regulamenta a realização de leilões ainda este ano para compra de reserva de energia de termelétricas, que hoje não fazem parte do sistema de fornecimento de energia do país. Mas, o maior uso de termelétricas vai aumentar o custo da energia: durante o mês de junho, vai vigorar o patamar 2 da bandeira tarifária, o mais caro do sistema.
Por conta disso, economistas já estimam que com a energia mais alta, em 12 meses, o IPCA ultrapasse o nível de 8% e termine 2021 acima do teto da meta (5,25%). E se isso acontecer, a Taxa Selic (juros básicos) pode chegar a 5,5% no fim de 2021. A projeção é do economista André Perfeito para o jornal Estado de S.Paulo, após o índice de reajustes de aluguel acelerar e fechar o mês de maio com alta de 4,10% — em 12 meses, o avanço já chega a 37,04% em 12 meses, a maior taxa desde o Plano Real.