Avaliando que o estrago provocado pela prisão na manhã de ontem do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro já está feito, o governo de Jair Bolsonaro (PL) parte agora para a contenção de danos e tenta impedir a instalação de uma CPI no Senado para investigar suspeita de corrupção no MEC. A oposição diz já ter 25 assinaturas, duas a menos do que o mínimo necessário para que a comissão seja instalada.
A estratégia do governo e de sua base para evitar que isso aconteça é intensificar a liberação de verbas para parlamentares e a apresentação urgente de outros pedidos de investigação, criando uma fila. O ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (UB-AP) estaria gerenciando até R$ 5 bilhões do orçamento secreto para desestimular adesões.
Aliados do Palácio do Planalto também argumentam que a Polícia Federal já está investigando o caso, o que tornaria a CPI redundante.
Em março, quando o escândalo foi denunciado, o presidente Bolsonaro fez uma defesa enfática de Ribeiro em uma de suas lives. “O Milton, coisa rara eu falar aqui, eu boto a minha cara no fogo pelo Milton”, afirmou. Já ontem (22/3) mudou o tom. “Pelo que estou sabendo, é aquela questão que ele estaria com uma conversa informal demais com algumas pessoas de confiança dele. Se tem prisão, é PF, é sinal que a PF está agindo. Que ele responda pelos atos dele”, disse.
O estopim para a prisão do ex-ministro foi um depósito de R$ 60 mil na conta da mulher de Ribeiro feito por pessoas ligadas a Arilton Moura. A defesa do ex-ministro diz que o dinheiro é referente à venda de um carro para uma filha do pastor.
Três pessoas com ligações políticas, profissionais e religiosas em Goiás foram presas também pela PF: o pastor Gilmar Santos, o ex-gerente de projetos da Secretaria Executiva do MEC, Luciano Musse, e o ex-assessor da Secretaria de Planejamento Urbano da Prefeitura de Goiânia Helder Bartolomeu.
Saiba mais: Oposição tenta colar imagem de corrupção no governo Bolsonaro.