O governo federal bateu recorde em arrecadação no ano passado: total de R$ 2,352 trilhões. Em relação a 2021, o crescimento foi de 17,5%. Segundo o Tesouro Nacional, em termos de valores, foram R$ 208 bilhões a mais em receitas para a União. Com isso, depois de oito anos com resultados negativos, o governo federal fechou o ano passado com superávit primário de R$ 54 bilhões.
O superávit primário representa a diferença entre as receitas e os gastos do governo sem considerar o pagamento dos juros da dívida pública. Em valores nominais, esse é o melhor resultado desde 2013, quando o governo federal tinha registrado superávit primário de R$ 72,1 bilhões. De 2014 a 2021, as contas públicas registraram déficits anuais seguidos.
O superávit primário só não foi maior por causa do acordo que extinguiu a dívida de cerca de R$ 24 bilhões da prefeitura de São Paulo com a União, em troca da extinção da ação judicial que questiona o controle do aeroporto de Campo de Marte na capital paulista. Não fosse o acordo, o governo federal teria obtido superávit primário de R$ 78 bilhões em 2022, segundo o Tesouro Nacional.
Em relação ao pagamento de impostos, houve crescimento de R$ 102,4 bilhões (+17,8%) acima da inflação no Imposto de Renda em 2022, motivado principalmente pelo aumento do lucro das empresas. Em grande parte, essa alta reflete o aumento do lucro das empresas de energia e de petróleo, o que ajudou a compensar parcialmente as desonerações para a indústria e para os combustíveis.
Despesas
Do lado das despesas, houve queda de R$ 82,2 bilhões com créditos extraordinários em 2022, principalmente as despesas associadas ao combate à pandemia de covid-19. No entanto, esse recuo foi compensado pelo aumento de outros gastos. Principalmente, com programas sociais, após o aumento do valor do Auxílio Brasil, além de auxílios para taxistas e caminhoneiros.
Em contrapartida, os gastos com o funcionalismo federal caíram 6,1% em 2022 descontada a inflação. A queda reflete o congelamento de salários dos servidores públicos que vigorou entre julho de 2020 e dezembro de 2021 e a falta de reajustes em 2022. Em relação aos investimentos (obras públicas e compra de equipamentos), o governo federal investiu R$ 45,5 bilhões no ano passado, queda de 26,7% em relação a 2021.