O governador Ronaldo Caiado (DEM), em fevereiro deste ano, anunciou que pretendia destinar R$ 60 milhões do Estado para a compra de vacinas contra a Covid-19. O fato ganhou repercussão nacional e o governo de Goiás enviou projeto de lei para a Assembleia Legislativa, que o aprovou em caráter de urgência, pedindo autorização para realizar este gasto extraordinário. Chegou a dizer que, muito provavelmente, a vacina seria a Oxford/AstraZeneca, devido aos contatos “quase diários” que o governo goiano mantinha com representantes do laboratório.
Mas não passou disto. Dificilmente passará.
Antes mesmo da Assembleia aprovar o pedido do governador, já começaram os questionamentos. É que, mais tarde, se descobriu que todas as vacinas que fosse compradas pelo Estado teriam de ser destinadas ao Ministério da Saúde. Ou seja: o governo de Goiás poderia até comprar milhares de doses, mas elas não necessariamente seriam aplicadas na população goiana. Parte poderia ser destinada para outros Estados, de acordo com o Plano Nacional de Imunização.
Aí o governador já começou a refluir e passou a criticar o “jogo político” que estava por trás de anúncios de governos estaduais, prefeituras e até mesmo entidades do setor privado sobre compra de vacinas contra a Covid-19. Caiado também disse que, mesmo com dinheiro, não havia disponibilidade de vacina no mercado. “O cidadão quer lançar: ‘porque não comprou a vacina?’ como se você fosse na feira e pedisse uma vacina. As pessoas precisam ter mais responsabilidade”, disse na época.
Na semana passada, o secretário estadual Ismael Alexandrino (Saúde) descartou que o governo de Goiás tem planos de comprar vacinas contra a Covid-19 para este ano. Disse que o cenário mudou, com a maior oferta de doses pelo Ministério da Saúde para todos os Estados brasileiros.