O governo Lula (PT) termina a semana com duas derrotas na Câmara dos Deputados. Enquanto o Projeto de Lei das Fake News saiu de pauta por falta de votos e teve que ser adiado, o Congresso derrubou trechos de decretos sobre o Marco do Saneamento Básico. Ambos representam derrotas de grande magnitude para a gestão petista, porque mostram um descompasso na relação entre Palácio do Planalto e Congresso ainda nos primeiros cinco meses de governo.
O presidente Lula ainda não conseguiu furar a bolha da esquerda e consolidar uma base de apoio no Legislativo, necessária para aprovar propostas mais complexas, como o marco fiscal e reformas. O Executivo tem mais um ou dois meses para montar uma base sólida governista no Congresso antes do final da lua de mel pós-eleição, que virá acompanhado da piora da inflação e da oferta de emprego no segundo semestre.
Base governista
A primeira derrota de fato do governo Lula no Congresso Nacional mostra que há muitos infiéis e que a tentativa de montar uma coalizão com base na distribuição de ministérios entre os partidos não está funcionando. O que definiu a derrota do governo por 295 a 136 votos não foi o tema — mudanças no Marco do Saneamento —, mas a insatisfação dos partidos de centro e de direita com a liberação de cargos e emendas ao Orçamento.
O não cumprimento ou a lentidão na execução das promessas feitas até agora é motivo de queixas dos parlamentares. Ontem, Lula cobrou publicamente o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Com as cobranças de Lira e as dificuldades para angariar apoio na Câmara dos Deputados, o governo autorizou ontem a liberação de R$ 3 bilhões do Orçamento na área de Saúde. O montante será enviado a Estados e municípios, mas o destino do dinheiro será definido em negociação com as bancadas estaduais no Congresso. Segundo o Ministério da Saúde, a liberação já estava prevista na PEC da Transição. Esse valor é parte dos R$ 9,8 bilhões que o Executivo herdou com o fim do orçamento secreto.
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