O prefeito Gustavo Mendanha, de Aparecida de Goiânia, deixará nesta semana o MDB. Isto é certo, depois que o partido não apenas oficializou aliança com o DEM para a eleição estadual de 2022, como o governador Ronaldo Caiado confirmou Daniel Vilela (presidente estadual) como seu companheiro da futura chapa majoritária (leia aqui). Entretanto, Gustavo tem dito aos aliados que não há pressa alguma de anunciar para qual partido vai filiar. Tem até 2 de abril do próximo ano para isto e pretende usar todo o tempo possível à seu favor. “Só vou definir a nova filiação partidária após ouvir todos que desejam construir um projeto de governo inovador, moderno e alternativo ao atual governo estadual”, postou nas redes sociais.
Uma grande possibilidade é Gustavo Mendanha filiar no Podemos. Pelo menos, está é a expectativa da presidente nacional do partido, a deputada federal Renata Abreu (SP), que já ofereceu o comando da legenda em Goiás “de porteira fechada” para o prefeito sair candidato a governador no próximo ano. O partido é hoje presidido pelo deputado federal José Nelto, que deve voltar ao MDB, de onde saiu em 2018 para apoiar Ronaldo Caiado ao governo estadual. Renata e Gustavo já conversaram várias vezes em Brasília sobre o cenário goiano e nacional para 2022, mas o pré-candidato a governador não bateu o martelo.
O Podemos tem estrutura e capilaridade para oferecer a Gustavo Mendanha? Para uma candidatura ao governo estadual, pouco ainda. Para o horário eleitoral, por exemplo, é apenas o 12º partido com maior tempo de TV. No ano passado, elegeu somente 14 prefeitos em Goiás e a maioria de cidades pequenas (mas em 2016 foram apenas 2 prefeitos goianos eleitos). É uma legenda em ascensão, mas sem a musculatura para uma candidatura ao governo do Estado. A sua linha ideológica é de centro-direita e mantém uma boa relação com o presidente Jair Bolsonaro, mas o Podemos gostaria de lançar Sérgio Moro candidato a presidente da República em 2022 (o ex-juiz da Lava Jato prefere candidatura ao Senado).
Outra opção
Gustavo Mendanha também recebeu convite para filiar no PL presidido pela deputada federal Magda Mofatto. O PL tem até maior tempo de TV (o sexto maior entre os partidos no Brasil) do que o Podemos, mas elegeu apenas 13 prefeitos goianos em 2020 (menos que os 18 em 2016). Nacionalmente, hoje apoia o presidente Jair Bolsonaro (tem vários cargos importantes no governo), embora isso não seja garantia de aliança para 2022. Um problema (para Mendanha) é que Mofatto dificilmente abre mão de comandar o partido no Estado.
O prefeito Gustavo já tem o Podemos e o PL como opções, mas não precisa (e nem vai) tomar qualquer decisão agora. Se nenhum desses dois partidos lhe darão a estrutura necessária para uma candidatura ao governo de Goiás em 2022, ainda existem as vagas de vice e de Senado para atrair outras lideranças e partidos para uma aliança, a exemplo do Republicanos do deputado federal João Campos, que deseja ser candidato a senador, ou PP do ex-ministro Alexandre Baldy, que também não esconde vontade de ser candidato ao Senado. Ou até final de março pode pintar um partido maior. É difícil, mas não impossível. Ainda mais em política…