O mais liberal dos petistas. Assim muitos se referem ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Se para alguns colegas de partido isso é um problema, no jogo político com o Congresso Nacional, esse perfil tem ajudado. A nova regra fiscal, que teve Haddad como principal articulador, foi aprovada com folga no plenário da Câmara: 372 votos a 108.
A votação ocorreu antes de a medida provisória que muda a estrutura administrativa do governo, também na semana passada, passar na comissão mista — alterada, esvaziando os ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas e gerando uma crise no governo.
Embora seja considerado por outros petistas como tendo pouco traquejo político, Haddad tem mostrado ser um articulador eficiente e um interlocutor junto ao Centrão. Enquanto os ministros das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e da Casa Civil, Rui Costa, colecionam queixas por falta de uma articulação adequada, Haddad cria canais de diálogo com lideranças nada simpáticas aos seus colegas.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), definiu Padilha como “um sujeito fino e educado, mas com dificuldades”. Por outro lado, destacou a “sensibilidade gigantesca” de Haddad com o Congresso. Um dos trunfos do ministro da Fazenda é só prometer o que pode cumprir. Já Padilha é alvo de críticas por não conseguir cumprir os acordos que fecha. E, se Costa é criticado por não dialogar com os parlamentares, o chefe da Fazenda se mostra aberto às discussões.
Lula na articulação
O presidente Lula sabe da importância da articulação política. E, na sexta-feira, retomou uma tradição de seus outros dois mandatos: reuniu ministros, líderes do governo no Congresso e integrantes do Supremo Tribunal Federal para um churrasco no Palácio da Alvorada à noite. A articulação do governo foi assunto nas rodinhas de conversa durante a confraternização.
Segundo interlocutores, o presidente sinalizou que deve se envolver de forma mais direta no diálogo com os parlamentares para melhorar a relação do governo com sua ainda frágil base de apoio.
A MP que reestrutura o governo — que caduca no dia 1° de junho — e o marco temporal da demarcação das terras indígenas estarão na pauta da Câmara dos Deputados a partir de amanhã. Ambos são centrais para a pauta ambiental do governo. Mas também mexem com interesses da bancada ruralista. A MP que garante os pagamentos de um extra de 50% no programa Auxílio Gás também precisa ser votada até quinta-feira.
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