Bandeira branca. Essa foi a promessa da agora ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, ao tomar posse nesta segunda-feira (10/3). Encarregada de fazer a articulação política com o Congresso, ela é vista com desconfiança pelo Centrão e pelo mercado financeiro por conta de sua atuação na presidência do PT.
No comando do partido, Hoffmann teve uma postura mais aguerrida em relação aos outros partidos e não economizou “fogo amigo” contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em seu discurso, a ministra buscou deixar tudo isso para trás.
“Chego para somar. Foi essa missão que recebi e pretendo cumprir num governo de ampla coalizão, dialogando com as forças políticas do Congresso e com as expressões da sociedade, suas organizações e movimentos”, afirmou.
E mandou um aceno em especial para o colega de Esplanada: “Eu estarei aqui, ministro Fernando Haddad, para ajudar na consolidação das pautas econômicas desse governo. As pautas que você conduz e que estão colocando novamente o Brasil na rota do emprego, do crescimento e da renda”, disse.
Como prioridade, citou a consolidação de uma “base estável” no Congresso, já a partir da votação do Orçamento de 2025. A posse foi realizada no Palácio do Planalto e, na mesma cerimônia, seu antecessor Alexandre Padilha assumiu o Ministério da Saúde no lugar de Nísia Trindade. Em que pese o discurso de Gleisi, a escolha dos dois é um aceno à base petista.
Popularidade
As trocas na Esplanada fazem parte dos ajustes para reverter a queda na popularidade de Lula. E a cerimônia foi realizada em meio à expectativa de novas mudanças, diante da pressão de partidos do Centrão por mais espaço em troca de apoio no Congresso. Lula não discursou e deixou a missão de encantar aliados para Gleisi e Padilha.
O novo titular da Saúde acenou inclusive ao ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), de quem foi alvo de críticas públicas. Padilha deixou a Secretaria de Relações Institucionais para assumir a Saúde com a missão de fazer da área uma vitrine para o governo. Uma das críticas a sua antecessora é que ela tinha pouco traquejo político.
Críticas
Ao se despedir do cargo, Nísia exaltou o legado de sua gestão e disse que foi alvo de ataques misóginos. “Não posso esquecer que, durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade. Não é possível e acho que não devemos aceitar como natural comportamento político desta natureza.”