A inflação está mais alta, mais disseminada e mais duradoura do que se estimava anteriormente. A conclusão é de analistas após o IPCA de maio vir acima das estimativas: subiu 0,83% em relação a abril — a maior alta em 25 anos para o mês. Pesaram, principalmente, o aumento na conta de luz, em razão do acionamento da bandeira vermelha, e a alta nos preços de combustíveis. Com o resultado, economistas já subiram suas previsões para a inflação e para a Selic. Mas, para o Ministério da Economia, a alta da inflação será passageira e o índice terminará o ano dentro da meta com o avanço da agenda de reformas.
Segundo o economista Luiz Roberto Cunha (PUC-RJ), em entrevista ao jornal O Globo, o acumulado de 12 meses continuará subindo com o dado de junho e depois cairá e ficará em nível alto até novembro. Quando em dezembro for retirado da conta o dado de dezembro do ano passado (1,35%), o acumulado cairá para níveis de 6%. Ou seja, a inflação de 2021 pode terminar o ano acima do teto da meta. Isso está pesando no orçamento das famílias, que já está apertado com a alta taxa de desemprego. Com uma inflação tão persistente, o Banco Central vai continuar elevando as taxas de juros, o que também piora a conjuntura.