Com a divulgação nesta semana de que o IPCA registra deflação no Brasil, aumenta a pressão para que o Banco Central inicie logo a redução na taxa de juros. Segundo o IBGE, houve deflação de 0,08%, a primeira desde setembro de 2022. No acumulado em 12 meses, o IPCA ficou em 3,16%, bem abaixo dos 11,89% registrados em junho do ano passado. No ano, a inflação acumulada é de 2,87%. Desde fevereiro, a inflação vem desacelerando.
Apesar disto, a esperada queda dos juros pode não ser tão rápida. Um dos indicadores observados pelo BC é o núcleo da inflação, que não tem variações bruscas. O resultado de junho ainda sinaliza que os núcleos estão elevados, afirma Luiza Benamor, analista de inflação da Tendências.
Expectativas de inflação, projeções do próprio BC, balanço de risco, inflação de serviços e hiato do produto. Esses são cinco fatores importantes para as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), segundo o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen. Em uma avaliação que não leva em conta o IPCA de junho, ele afirmou que os números corroboram o “cenário de desinflação em dois estágios”.
Enquanto isso…
A taxa de famílias com dívidas a vencer chegou a 78,5% no Brasil, um aumento de 0,2 ponto percentual em junho. Desse total, 18,5% se consideram muito endividadas, maior volume da série histórica, iniciada em janeiro de 2010, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A alta da proporção de endividados interrompe uma sequência de quatro meses de estabilidade do indicador. Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a economia brasileira enfrenta um cenário de endividamento e inadimplência crescente, o que afeta a capacidade de consumo das famílias.