Em meio ao aumento da inflação de alimentos, combustíveis e energia, o Banco Central (BC) apertou ainda mais os cintos na política monetária. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic, juros básicos da economia, de 4,25% para 5,25% ao ano. Aumento de 1 ponto, a maior alta em 18 anos. A decisão era esperada pelos analistas do mercado financeiro. Essa foi a quarta elevação consecutiva na taxa Selic, mas o ritmo do ajuste aumentou. Nas últimas três reuniões, o Copom tinha elevado a taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro.
Na avaliação da FIEG, a autoridade monetária erra ao impor uma maior taxa de juros à sociedade em um momento que o setor produtivo busca a retomada do crescimento e persegue indicadores de emprego e renda da pré-pandemia. “Esses sucessivos aumentos encarecem o crédito para o consumidor e inviabilizam a retomada de investimentos produtivos, que geram emprego e renda para a população. Precisamos retomar um círculo de prosperidade na economia, com menos juros, mais investimentos e empregos e retomada do consumo interno e aumento da renda dos trabalhadores”, afirmou o presidente Sandro Mabel (foto).
Com a decisão desta quarta-feira (4), a Selic continua num ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Esse era o menor nível da série histórica iniciada em 1986.
Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em junho, o indicador fechou no maior nível para o mês desde 2018 e acumula 8,35% em 12 meses, pressionado pelo dólar e pela alta da energia elétrica. O índice está acima do teto da meta de inflação. Para 2021, o Conselho Monetário Nacional tinha fixado meta de inflação de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 5,25% neste ano nem ficar abaixo de 2,25%.