O União Brasil já recebeu aval de Lula para trocar o comando do Ministério do Turismo. A atual ministra, Daniela Carneiro (RJ), é considerada distante da bancada e move, com outros cinco deputados do Rio, processo para mudar de partido sem perder o mandato. O objetivo é migrar para o Republicanos de seu marido, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, que apoiou Lula na Baixada Fluminense.
Ela deve ser substituída pelo deputado federal Celso Sabino (PA), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A mudança, que deve ocorrer a partir de terça-feira, terá de ser seguida por votos a favor do governo. A mensagem foi passada ao senador Davi Alcolumbre (AP), ao presidente do UB, Luciano Bivar (PB), e ao líder da legenda na Câmara, Elmar Nascimento (BA).
“O Planalto sabe que o Sabino é o nome da nossa preferência, goza de grande prestígio junto à bancada, tem boa interlocução com todos os líderes partidários e condições de fazer um belo trabalho, tanto no ministério, quanto na articulação com os nossos quadros, trazendo apoios”, afirmou Luciano Bivar.
Mas, segundo ele, “a bola e a caneta estão com o governo”. Já o marido da atual ministra, que rompeu com Bivar, disse que a mudança não é a solução: “Voto é resultado do pagamento de emendas. Colocar o Sabino não vai resolver problema nenhum”.
Fogo amigo
A mudança é uma tentativa de conter o “fogo amigo” da base governista em relação às 21 medidas provisórias já editadas pelo governo. Levantamento do jornal O Estado de S.Paulo mostra que o PT, de Lula, e mais quatro aliados, Rede, União Brasil, PSOL e PDT, propuseram, proporcionalmente ao número de deputados e senadores que cada partido tem, mais alterações em textos enviados pelo presidente do que o PL, de Jair Bolsonaro.
Em média, o PL apresentou 2,59 propostas de alteração por congressista. Entre os partidos da base, a média foi bem superior: 28,50 na Rede, 3,40 no União Brasil, 3,15 no Psol, 3,14 no PT e 2,71 no PDT. Líderes partidários minimizaram esse cenário. “O PT tem uma tradição democrática muito forte, de divergências internas, mas ao mesmo tempo de muita unidade após as decisões coletivas. Assim funciona a bancada”, afirmou Zeca Dirceu (PT-PR), líder do partido na Câmara.
Analistas, no entanto, disseram que os números são um indício da falta de articulação política do governo. “Fica evidente que o governo está sem coordenação no Congresso”, explicou Marco Antônio Carvalho Teixeira, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP).
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