O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu fazer os primeiros movimentos da transição de governo. Sem esperar o presidente Jair Bolsonaro (PL), que até o momento não reconheceu a própria derrota nas urnas. Dois dos representantes do petista, o coordenador de comunicação de sua campanha, Edinho Silva, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, conversaram separadamente por telefone ontem como o ministro da Casa-Civil, Ciro Nogueira (PP). Que se prontificou a ajudar na transição, aguardando apenas que Bolsonaro indique seu representante no processo.
Em outra frente, Lula escalou o senador eleito Wellington Dias (PT-PI) para acompanhar o Orçamento de 2023 com o relator da matéria, o senador Marcelo Castro (MDB-PI). A prioridade do presidente eleito é viabilizar uma de suas promessas de campanha, a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600. E com um adicional de R$ 150 por cada criança na escola. Somados ao déficit já previsto de R$ 64 bilhões, essas benesses podem provocar um rombo de R$ 181 bilhões.
E, num movimento inédito, o Tribunal de Contas da União (TCU) criou um comitê para garantir e fiscalizar a transição de governos.
Silêncio de Bolsonaro
Numa situação inédita na história da democracia brasileira, passadas 24 horas da proclamação do resultado das eleições, o candidato derrotado, o presidente Jair Bolsonaro ainda não se manifestou reconhecendo o resultado das urnas e felicitando o vencedor. E ele não dá sinais de que vá fazê-lo pacificamente.
Bolsonaro encarregou ainda o PL de levantar todos os incidentes em locais de votação no país. São fatos corriqueiros, como trocas de urnas com defeito, sem impacto no resultado da votação.
Diferentemente de Bolsonaro, o vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos) mandou uma mensagem de texto para Geraldo Alckmin (PSB), vice eleito na chapa de Lula, parabenizando-o e convidando-o a conhecer o Palácio do Jaburu. Alckmin telefonou para Mourão e os dois conversaram sobre a transição dos governos.