O presidente Lula deu uma escorregada no machismo nesta quarta-feira (12/3). Referindo-se à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, ele disse que escalou uma “mulher bonita” para a articulação política do governo com o Congresso porque quer ter uma boa relação com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
“É muito importante trazer aqui o presidente da Câmara e o presidente do Senado. Porque uma coisa que quero mudar, estabelecer relações com vocês. Por isso coloquei essa mulher bonita para ser ministra de Relações Institucionais, porque não quero mais ter distância de vocês”, disse Lula.
A nomeação dela surpreendeu parlamentares que defendiam um nome do Centrão para melhorar a relação do Executivo com o Congresso. O petista também disse que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, precisa ter “mais charme” e que nem sempre é “feliz quando pega o microfone”.
Além disso, chamou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), de “cabeçudão do Ceará” ao falar da aprovação da reforma tributária.
Cobrança
Lula ainda ouviu uma cobrança na cerimônia de posse de Maria Elizabeth Rocha como a primeira mulher a presidir o Superior Tribunal Militar em 200 anos. Em seu discurso, ela defendeu mais mulheres nos tribunais superiores e disse que buscará implementar uma gestão fundada em “transparência, reconhecimento identitário e defesa do Estado democrático de Direito”.
Além de afirmar ser feminista e progressista, cobrou de Lula mais participação feminina na política e no Judiciário. Em entrevista após a cerimônia, disse que vê crimes militares cometidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na trama golpista e que ele poderia ser julgado na Justiça Militar por “incitação à tropa”.
Depois, no entanto, disse que não cabe a ela identificar possíveis crimes militares de Bolsonaro — tarefa do Ministério Público Militar.