O ex-presidente Lula (PT), em pré-campanha eleitoral, declarou hoje que se eleito em outubro o seu governo vai mudar a política de preços da Petrobras. Mais: disse que “é uma canalhice o que estão fazendo” com a estatal. Convém lembrar que a Petrobras foi o principal alvo das investigações da Operação Lava Jato, que denunciaram desvios bilionários e má gestão na empresa nos governos do PT.
Lula disse hoje (17/2) em entrevista que “não tem sentido o preço da gasolina ser internacional” e que irá “abrasileirar o preço da gasolina”. “O preço vai ser brasileiro, porque os investimentos são feitos em real, a gente vai tirar gasolina e a gente vai aumentar a capacidade de refino”, declarou. Criticou a dolarização do preço dos combustíveis e defendeu que o Brasil exporte derivados do petróleo ao invés de se concentrar na exportação do petróleo cru.
Não é a primeira vez que o ex-presidente afirma que se for eleito romperá com a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pela Petrobras desde 2016, no governo de Michel Temer (MDB). Lula disse que é “uma canalhice o que estão fazendo com a Petrobras”. Na verdade, o PPI permitiu à estatal recuperar a sua capacidade financeira (lucros) e de realizar novos investimentos.
Esta política de preços consiste em equiparar os valores praticados no mercado interno aos do externo. Leva em consideração não só o dólar, mas também as flutuações do preço do barril do petróleo. O problema (para os consumidores brasileiros) é que, em 2021, a cotação do barril subiu mais de 50%, de US$ 50 para US$ 77. E hoje já se aproxima dos US$ 90, podendo passar dos US$ 100 caso se estenda por muito tempo a tensão entre Rússia e Ucrânia.
O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, defende que o controle dos preços dos combustíveis pelo governo traria o risco de desabastecimento para o país. Até o presidente Jair Bolsonaro (PL) ameaça, de vez em quando, de intervir na estatal ou até mesmo inseri-la no programa de privatização. Mas, por ora, não passa das ameaças.
O fato é que Bolsonaro, há algum tempo, tem sofrido desgastes com o aumento dos preços dos combustíveis no Brasil e tenta dividir esse ônus com os governadores (lei mais aqui). Já Lula busca agora um discurso de “salvador da pátria”, ainda mais num momento em que vê cair a sua vantagem para o presidente nas pesquisas eleitorais.