Nada de politizar o inquérito sobre a tentativa de golpe. Essa foi a orientação do presidente Lula (PT) a seus ministros e aliados. Ele espera “moderação” nos comentários sobre o relatório final da Polícia Federal que indicia Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas.
O objetivo é não fortalecer discursos oposicionistas de que há uma “perseguição política” contra o grupo do ex-presidente.
Alguns nomes do PL foram às redes sociais afirmar que não há provas contra Bolsonaro. Mas nos grupos de WhatsApp do partido quase ninguém comenta o relatório. Que inclui outros nomes da legenda, como seu presidente Valdemar Costa Neto.
Aliados dele acham que Bolsonaro também deveria optar pelo silêncio. Já o comando do Exército, nos bastidores, avalia que o documento gerou constrangimento. Mas quer ressaltar a ideia de que, apesar do envolvimento de militares de alta patente, a instituição em si não embarcou no plano golpista.
Interferência
No relatório final sobre a tentativa de golpe de Estado, a PF afirma que Alexandre Ramagem sugeriu a Bolsonaro tirar a autonomia dos delegados federais para controlar as investigações em andamento desde 2020 contra o então presidente.
Anotações encontradas com o hoje deputado federal pelo PL e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência mostram uma proposta para que todos os inquéritos que tramitassem no STF fossem de responsabilidade do diretor-geral da PF.
O arquivo foi criado em 5 de maio de 2020 e editado pela última vez em 21 de março de 2023. Em abril de 2020, Ramagem foi proibido por Moraes de assumir o comando da PF para não interferir na corporação, já que ele era próximo de Bolsonaro.