A afirmação do presidente Lula (PT) de que o presidente russo, Vladimir Putin, não seria preso se viesse ao Brasil gerou uma enxurrada de críticas. Para se defender, disse ontem que a Justiça é que vai decidir e afirmou desconhecer o Tribunal Penal Internacional (TPI), que determinou a prisão do líder russo por crimes de guerra.
“Eu só quero saber, e só me apareceu agora, eu nem sabia da existência desse tribunal, eu só quero saber por que os EUA não são signatários; por que a Índia não é signatária; por que a China e a Rússia não são signatárias e por que o Brasil é signatário”, indagou.
Lula, no entanto, tem pleno conhecimento do tribunal sediado em Haia. Documentos oficiais, discursos e declarações de dele à imprensa mostram sua participação na indicação de uma juíza brasileira em 2003, assim como o envio do então chanceler Celso Amorim à sessão inaugural do TPI.
Novo discurso
Após o encerramento da cúpula do G20, em Nova Délhi, na Índia, o presidente Lula defendeu a pesquisa de viabilidade da exploração de petróleo na margem equatorial. “Se encontrar a riqueza que se pressupõe que esteja lá, aí é uma decisão de Estado se vamos explorar ou não”, disse, ao destacar que o país vai fazer o que entender ser de “interesse soberano”.
A declaração contrasta com outros discursos do presidente em favor da redução do uso de combustíveis fósseis e investimento em fontes de energias renováveis, como fez no próprio G20. A discussão sobre a exploração da Foz do Amazonas tem gerado conflitos internos no governo entre os ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente.
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