O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai se reunir — possivelmente ainda nesta sexta-feira (20/1) — com o ministro da Defesa, José Múcio, e com os três comandantes das Forças Armadas. Eles pretendem garantir ao presidente que os militares envolvidos em atos golpistas serão punidos.
O objetivo é duplo. Por um lado, querem afastar a tropa da política; por outro, inaugurar uma nova relação com o governo, que começou envenenada pelo golpismo bolsonarista. No encontro, também será apresentado o primeiro plano estratégico mensal encomendado por Lula aos militares.
O trabalho pela frente não é pouco. Durante os atos terroristas do dia 8, o coronel do Exército José Plácido Matias dos Santos conclamou nas redes que coronéis com comando de tropa se rebelassem e que o comandante da Arma, general Júlio César de Arruda, comandasse um golpe de Estado.
Ele ainda ofendeu o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, a quem chamou de “prostituta do ladrão”, e o ministro da Justiça, Flávio Dino. A conduta é ainda mais grave porque Santos atuou no Gabinete de Segurança Institucional, GSI, de fevereiro de 2019 a março de 2022, sendo um dos homens de confiança do general Augusto Heleno.
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PF e PRF
A esperada “desbolsonarização” das forças de segurança federais ganhou corpo nesta quinta-feira (19/1), com a substituição pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, de 26 dos 27 superintendentes regionais da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nos estados e no DF. Só escapou da degola o do Piauí, Jairo Lima, que ocupa o cargo interinamente.
Na Polícia Federal (PF) o corte foi menor. Via Diário Oficial da União, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, trocou diretores da corporação em 18 estados, com mulheres ocupando a metade dos cargos.
Um dos destaques é o delegado Leandro Almada da Costa, que assume a superintendência no Rio de Janeiro. Ele participou das investigações sobre o assassinato, em 2018, da vereadora Marielle Franco, irmã da ministra da Igualdade, Anielle Franco. A identificação dos mandantes do crime foi classificada por Dino como “questão de honra”.
Durante a transição de governo, especialistas apontaram o aparelhamento ideológicos das polícias como um dos mais sérios problemas na área de segurança.