Quase como um “terceiro turno”, a eleição para a presidência do Senado nesta quarta-feira (1/2) ganha contornos de um novo embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). Por seu lado, Lula vai devolver ao Congresso seus 11 ministros com mandato parlamentar, cinco dos quais são senadores, para votarem na reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado e Arthur Lira (PP-AL), na Câmara dos Deputados. Mesmo não havendo risco entre os deputados. No dia seguinte, voltam todos para a Esplanada.
O Palácio do Planalto não esperava o crescimento do senador Marinho. A aliados, o congressista do PL afirma ter de 40 a 42 votos favoráveis à sua candidatura. Para ganhar a disputa no primeiro turno, o candidato precisa de 41. Pacheco diz ao seu grupo que continua à frente na corrida.
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, entrou em cena para auxiliar na campanha de reeleição de Pacheco no Senado. Vai reunir-se nesta terça-feira com a bancada do partido, que tem o senador goiano Vanderlan Cardoso. Quer reduzir as dissidências internas, que favorecem o candidato bolsonarista Marinho. Os senadores do partido já se reuniram, mas não houve consenso sobre uma orientação interna a respeito do voto para presidente.
Bolsonaro
Já o ex-presidente Jair Bolsonaro tem telefonando dos EUA na tentativa de virar votos em favor de seu candidato, o senador Rogério Marinho (PL-RN). Dirigindo-se aos congressistas do partido, ex-presidente deu as boas-vindas aos novos eleitos e declarou apoio à candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) à presidência do Senado “pelo reequilíbrio entre os poderes”. Ouviu, sem responder, pedidos para que volte logo ao Brasil.
A cúpula do PL atribui ao ex-presidente a possível virada de pelo menos três indecisos. Ontem, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro chegou a aparecer pessoalmente, de surpresa, num jantar em apoio à candidatura de Marinho. E, numa mostra de empenho, pôs o ex-presidente em uma ligação de vídeo com os senadores.
Dentro do Congresso, as eleições viram também moeda de troca e combustível para rivalidades. Senadores, alguns deles ligados a Pacheco, ameaçam votar em Marinho, pelo menos num primeiro turno, em protesto contra o acordo do mineiro para manter à frente da poderosa CCJ Davi Alcolumbre (UB-AP). Mesmo com essa movimentação, a conta do governo é que Pacheco terá entre 51 e 55 votos, garantindo o a reeleição em uma votação só.