A Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional em relação à Covid-19. Entretanto, autoridades da área da saúde alertam que a luta contra o vírus (e seus efeitos) continua. E a vacinação ainda é a melhor arma para evitar aumento de contágios e agravamento do quadro de saúde das pessoas infectadas. Em todo o mundo, a pandemia levou à morte mais de 7 milhões de pessoas, número que pode estar subestimado. Somente no Brasil, o número de vidas perdidas ultrapassou as 700 mil pessoas.
A ministra Nísia Trindade (Saúde) fará um pronunciamento neste domingo (7/5), em cadeia nacional de rádio e televisão, para enfatizar a Covid-19 ainda não acabou e que a vacinação continua fundamental. “O anúncio (da OMS) não significa o fim da circulação do vírus, mas uma mudança de abordagem. Ainda temos que ter cuidados, inclusive nos vacinando, o que em muitos países passou a compor o calendário anual, a exemplo da vacinação contra a influenza”, postou nas redes sociais.
O secretário estadual de Saúde, Sérgio Vencio, ressalta que o fim da emergência não indica que a Covid foi erradicada, “passou apenas a fase aguda da propagação da doença”, frisa. As sequelas causadas pela doença e os quadros crônicos da doença, chamados de Covid-19 longa, continuarão a preocupar autoridades sanitárias e a pressionar serviços de saúde, avaliam pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil.
Covid-19 longa
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, ressalta que, além de a doença ainda fazer vítimas, há doentes que convivem com seus sintomas por períodos prolongados. “Os cuidados continuam. É uma doença que ainda tem um um impacto importante na saúde de todos. Tanto nas suas formas agudas quanto nas suas formas crônicas. A covid longa e as sequelas da doença são realmente um grande problema de saúde pública a ser enfrentado”, diz.
A pneumologista Patrícia Canto, da Fundação Oswaldo Cruz, destaca que os sintomas da Covid-19 longa observados em serviços de saúde atingiram principalmente as pessoas infectadas antes da vacinação. “Trouxe, para muitas pessoas que se contaminaram, especialmente antes das vacinas, uma série de sequelas com as quais convivem até hoje, seja perda de olfato ou paladar, cansaço crônico, e uma série de problemas cardiovasculares”, diz.
Diante disso, o cuidado mais importante é a vacinação em dia, com as doses de reforço e a vacina bivalente. Ir além do esquema básico de vacinação, com duas doses, é indispensável para a proteção contra a variante Ômicron e suas derivadas, que dominam o cenário epidemiológico desde o início do ano passado.