O mercado financeiro no Brasil teve um dia de nervosismo em meio à indefinição sobre a equipe econômica do futuro governo e após o discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O resultado foi um movimento de forte aversão ao risco, fazendo com que o Ibovespa registrasse queda de -3,35%, a maior desde setembro de 2021. Com isso, o principal índice da Bolsa brasileira perdeu R$ 156,2 bilhões em valor de mercado.
Já o dólar disparou e subiu mais de 4%, cotado a R$ 5,39. Há o temor de descontrole das contas públicas com a PEC que está sendo negociada para financiar programas sociais além do teto de gastos. O mercado também reagiu mal à nomeação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para a área de Planejamento da equipe de transição e à notícia de que o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin não ocupará um ministério.
“Eu nunca vi um mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso durante quatro anos do Bolsonaro.” Foi com ironia a resposta do presidente eleito Lula ao abalo no mercado financeiro provocado por seu discurso colocando a responsabilidade fiscal em segundo plano frente a gastos sociais. “Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal desse país? Por que as mesmas pessoas que discutem teto de gastos com seriedade não discutem a questão social neste país?”, indagou.
Reações de aliados
Apoiador de Lula no segundo turno, o ex-presidente do BC Armínio Fraga foi um dos primeiros a reagir, sugerindo que Lula está opondo temas que em nada se opõem. “Estabilidade fiscal significa menos incerteza e juros mais baixos, o que gera mais investimento e mais crescimento. Simples assim. E mais, acompanhada de transparência, aumenta a chance de os recursos beneficiarem os mais pobres”, disse.
Já Geraldo Alckmin e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) procuraram botar água na fervura. O vice lembrou que Lula reduziu a dívida pública de 60% do PIB para 40% ao longo de seus dois mandados anteriores. “Teve superávit primário todos os anos. Se alguém teve responsabilidade fiscal foi o governo Lula. Isso não é incompatível com a questão social”, disse. Já a senadora defendeu que o primeiro ministro a ser confirmado seja o da Fazenda para “evitar ruídos” em declarações políticas do presidente.
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