A reafirmação pelo governo dos Estados Unidos da imposição de tarifas comerciais generalizadas e a reação da China lançaram os mercados internacionais em queda livre neste fim de semana. Dando eco a críticas até mesmo entre apoiadores do presidente Donald Trump.
Neste domingo (6/4), o Diário do Povo, do Partido Comunista Chinês, afirmou que o país tem uma “forte capacidade de enfrentar a pressão do bullying tarifário dos EUA”. Indicando que Pequim não vai recuar da imposição de tarifas retaliatórias de 34% sobre os produtos americanos.
A bolsa de Frankfurt, na Alemanha, abriu nesta segunda-feira (7/4) em queda de 9%, enquanto o índice FTSE, de Londres, recuava 5%. A situação na Ásia foi ainda pior. A Bolsa de Tóquio teve de acionar o circuit breaker (a interrupção das operações) quando o índice Nikkei 225 desabou 12,4%. Ao fim do pregão, a queda foi de 7,68%, com a gigante Sony caindo 10%.
Na China, a situação não foi diferente. As ações da Alibaba afundaram 14%, contribuindo para que as bolsas de Xangai e Hong Kong fechassem em baixas de, respectivamente, 7,3% e 13,22%.
Mercado americano
A perspectiva para o mercado americano também é de terra arrasada. Com os índices futuros desabando e prenunciando o pior para as operações nesta segunda-feira. Os contratos do S&P 500 apontavam uma queda de 4,7%, enquanto os da Nasdaq, mais voltada para tecnologia, caíram 5,2%.
O banco de investimento Goldman Sachs elevou de 35% para 45% a possibilidade de a economia americana entrar em recessão, ao que Donald Trump respondeu dizendo que “às vezes é preciso tomar um remédio para consertar algo errado”.
O fim de semana em Wall Street foi de pouco descanso e de muita raiva, ansiedade, frustração e medo. A não ser pelo pânico no início da pandemia em 2020, a velocidade do declínio do mercado na semana passada, quando as ações caíram 10% em apenas dois dias, só foi superada pelo colapso do Lehman Brothers em 2008.
A diferença em relação à última crise é que, em vez de contar com o governo para juntar os pedaços, o setor financeiro vê pouca esperança de um resgate imediato.
Governo Trump
Autoridades do governo Trump bombardearam as redes de televisão no domingo para defender as tarifas. Alegaram que os impostos de importação já estão forçando dezenas de países a se sentarem à mesa de negociações.
Segundo a secretária de Agricultura, Brooke Rollins, 50 países estavam “queimando as linhas telefônicas para a Casa Branca” a fim de negociar com o presidente.
Já o conselheiro sênior da Casa Branca Peter Navarro pediu na Fox News, que a população e os investidores “não entrem em pânico”, e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, rejeitou as previsões de economistas e bancos de que haverá uma recessão.