Em seu primeiro dia como presidente eleito da Argentina, Javier Milei reafirmou um de seus principais compromissos de campanha: fechar o Banco Central e adotar um amplo programa de privatizações. A petrolífera YPF está na lista, mas, antes, será reestruturada para aumentar seu valor. Após o anúncio, as ações da estatal chegaram a saltar 40% na Bolsa de Nova York. Toda a área de comunicação do governo também será privatizada. “Tudo que puder estar nas mãos do setor privado vai estar”, afirmou.
Milei anunciou ainda os primeiros nomes da equipe: o advogado criminalista Mariano Cúneo Libarona no Ministério da Justiça e Carolina Píparo na Agência Nacional de Seguridade Social (Anses). Fontes do partido vencedor dizem que o novo titular da Economia está escolhido e já trabalha nos bastidores. Milei também aproveitou o dia para falar com líderes estrangeiros e informou que vai aos Estados Unidos e a Israel antes da posse.
Mas, governar sem maioria um país em crise, é um dos desafios para Milei, que propõe mudanças radicais. Especialistas preveem que sua plataforma eleitoral entrará em conflito com o sistema de pesos e contrapesos da democracia argentina, uma vez que ele não terá parlamentares o suficiente no Congresso e precisará negociar com rivais que insultou na campanha.
Relação com Brasil
Embora tenha publicado nas redes sociais um elogio ao processo democrático argentino, o presidente Lula não mencionou o eleito Javier Milei nem lhe telefonou para dar os parabéns. Segundo o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação (Secom) da presidência, Milei é que deveria ligar antes se desculpando por “ofender gratuitamente” o brasileiro.
Diplomatas brasileiros indicaram que o governo deve enviar o vice-presidente Geraldo Alckmin à posse. Já o convite feito por Milei ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi visto como um indicativo de que não haverá pragmatismo na política externa argentina.
Já o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse ter sido convidado pessoalmente por Milei para a posse e que pretende ir ao evento, em 10 de dezembro. Os dois são aliados de longa data, com o argentino tendo participado ativamente da campanha presidencial brasileira em 2022, chamando o então candidato Lula de “presidiário” e “comunista”.
Enquanto isso, representantes de diversos setores da economia brasileira não acreditam numa ruptura comercial com os argentinos. O Brasil e o Mercosul são muito importantes para a Argentina e a possibilidade de saída do acordo é vista com ceticismo. As exportações e importações entre os dois países movimentam cerca de US$ 30 bilhões por ano, e o Brasil é o segundo maior parceiro da Argentina, atrás apenas da China.
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