Com uma vantagem acima do esperado, Javier Milei foi eleito neste domingo (19/11) o novo presidente da Argentina neste domingo. O libertário de ultradireita teve 55,69% dos votos, contra 44,3% do candidato governista Sergio Massa, ministro da Economia. Antes mesmo de concluída a totalização, Massa reconheceu a derrota e parabenizou seu adversário Milei pela vitória nas urnas.
Em meio à comemoração pela vitória, Milei anunciou a “reconstrução da Argentina” e deixou claro que não tolerará protestos. Seu partido, A Liberdade Avança, venceu em 21 das 24 províncias argentinas, incluindo Buenos Aires, tradicional reduto peronista.
“A situação da Argentina é crítica. As mudanças de que nosso país necessita são drásticas. Não há lugar para gradualismo, tibieza nem meias medidas”, disse. Ele agradeceu ao ex-presidente Mauricio Macri e sua candidata Patricia Bullrich, segunda colocada no primeiro turno, que o apoiaram e se engajaram em sua campanha.
Relação com o Brasil
Aos 52 anos, Milei é um economista e professor que se tornou conhecido por participar de programas de rádio e TV defendendo medidas radicais e libertárias na economia. Com um discurso contra as “castas políticas”, elegeu-se deputado em 2021. Entre as propostas de sua campanha estão a completa dolarização da economia argentina, o fim do Banco Central do país, a substituição da previdência social por um sistema de capitalização privado e a redução drástica do tamanho do Estado.
As relações com o Brasil são uma incógnita, já que Milei, crítico do Mercosul, classificou Lula (PT) de “comunista com vocação autoritária”. O presidente brasileiro disse, em seu perfil no X, que deseja boa sorte e êxito ao novo governo, sem citar o nome do eleito. “A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito. O Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos”, postou.
Já os opositores de Lula celebram a vitória de Javier Milei na Argentina, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – que prometeu ir à posse do candidato caso fosse eleito. Bolsonaro comemorou a vitória e disse que a “esperança volta a brilhar na América do Sul”. Os filhos Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Flávio Bolsonaro (PL-SP) também usaram a rede social para comemorarem a vitória do candidato. Comparado ao ex-chefe do Executivo brasileiro diversas vezes, o agora presidente eleito Milei criticou a prática, afirmando que as correlações são “maliciosas” e feitas por quem faz uma política “suja”.
Esquerda x direita
A vitória de Javier Milei nas eleições argentinas desacelerou a chamada “onda de esquerda” na América do Sul. Com o resultado do pleito, o Executivo da Argentina passará a ser comandado por uma administração de direita. Desde que o presidente Lula tomou posse em janeiro deste ano, 9 dos 12 países da América do Sul estão sob comando de governos de esquerda.
Mas, depois da posse de Milei em 10 de dezembro, os 12 países da América do Sul passarão a ter a seguinte configuração: 8 países com governos de esquerda e 4 de direita. Nos últimos quatro anos (2019-2023), três países (Argentina, Equador e Uruguai) trocaram governistas de esquerda por líderes de direita. Já cinco nações sul-americanas (Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia e Peru) passaram a ser comandadas por presidentes esquerdistas.