Militarização de colégios estaduais gera novo embate

Um novo embate foi criado entre deputados estaduais da oposição e governistas na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Motivo: o projeto do governador Ronaldo Caiado (UB) que militariza mais dez colégios da rede estadual. Todos eles passarão a ser chamados de Colégios Estaduais da Polícia Militar de Goiás. Segundo o governo, por solicitação da Secretaria de Estado da Educação e para “reconhecer, valorizar e fortalecer suas identidades com suas comunidades escolares, bem como garantir o repasse de recursos específicos para essas instituições de ensino”.

Votaram contra o projeto os deputados petistas Bia de Lima e Mauro Rubem. “Temos escolas militares péssimas e escolas regulares excelentes”, argumentou Bia de Lima. Para ela, a ideia de que militarizar uma escola a qualifica é um “senso comum que precisa ser superado”.

A deputada frisou ainda que é preciso “mais que nunca garantir condições de trabalho para os professores, garantir a autonomia deles”, mas não se pode “achar que para respeitar alguém é preciso ter uma arma na cintura. Onde nós vamos parar?”. A diferença de qualidade, sustentou Bia de Lima, advém do fato de o governo dar “uma excelente estrutura para a escola militar, e a outra que está lá na periferia a gente deixa abandonada”.

Maioria governista

Contudo, certamente o projeto será aprovado pela maioria governista. O deputado Issy Quinan (MDB) afirmou que os números atestam a qualidade das escolas militares e que a militarização não afeta o contingente de militares em atuação porque recorre àqueles da reserva. Já Gugu Nader (Agir) afirmou que, desde a criação do primeiro colégio militar em Itumbiara, 12 anos atrás, recebe pedidos de inúmeros pais para matricularem os filhos na instituição.

O sempre polêmico Amauri Ribeiro (UB) foi mais longe: defendeu que todos os colégios estaduais devem ser militarizados. “Nós resolveríamos um grande problema deste país, que é a disciplina. Hoje os professores trabalham com medo, porque não são respeitados e não têm autonomia dentro da sala de aula”, disse.

O governo prevê para este ano um aumento de R$ 9,5 milhões nas despesas destes dez colégios etaduais, principalmente com a convocação de policiais militares que comporão o quadro de servidores das unidades. Serão contratados 150 policiais militares da Reserva Remunerada.