A posição praticamente unânime dos prefeitos do MDB em defesa da aliança com o DEM não significa que o partido está pacificado. Pelo contrário. O grupo de Aparecida de Goiânia, liderado pelo prefeito Gustavo Mendanha, único que não assinou a carta pela aliança com o governador Ronaldo Caiado, não ficou satisfeito com a forma como a pré-candidatura do prefeito foi rifada pelos demais colegas. Mendanha, que fala em alto e bom som que tem grandes dificuldades de compor com Caiado, não foi convidado para a reunião no diretório, o que aumentou sua insatisfação e pode acentuar seu distanciamento da cúpula do partido. Uma parte da militância do MDB também prefere ver o partido liderando a oposição ao governo.
Mendanha defende que não se antecipe uma eventual aliança com o DEM, dando tempo para ele trabalhar seu nome ou o de Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, para testar a viabilidade eleitoral de uma chapa liderada pela sigla. Também incomodou o grupo de Mendanha, como mostra a coluna Giro, do Popular, a menção indireta na carta às conversas que ele vinha mantendo com o PSDB do ex-governador Marconi Perillo. Do outro lado, os demais prefeitos do MDB afirmam que o próprio Mendanha antecipou o processo ao se lançar pré-candidato e buscar diálogo com outros grupos políticos. Nas recentes declarações públicas, ele afirmava que tinha apoio da maioria do partido, mas também sinalizava que poderia disputar o governo em outra legenda, caso não tivesse espaço no MDB.
Daniel Vilela terá que intensificar o diálogo para não deixar que Mendanha saia do MDB, o que seria uma grande perda para a sigla. Se o caminho for mesmo o da aliança com Caiado, caberá a Daniel tentar construir uma aproximação entre os dois. Não é simples. O prefeito de Aparecida se ressente da forma como foi atacado pelo governador na última campanha municipal – Caiado chegou a gravar um vídeo num posto de gasolina da cidade denunciando uma suposta irregularidade eleitoral de Mendanha que não existiu – e também no combate à pandemia da Covid-19. Circulou nas redes um vídeo apócrifo ligando o estado de saúde do pai de Gustavo, Léo Mendanha, que depois morreu de Covid-19, às decisões do prefeito com relação à política de isolamento social na cidade. O MDB de Aparecida enxergou as digitais do Palácio das Esmeraldas nesse vídeo.