Quando menos se esperava, uma nova crise eclodiu no Congresso. O relator no Senado do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), Rodrigo Cunha (Podemos-AL), anunciou nesta terça-feira (4/6) a exclusão dos “jabutis”, dispositivos sem relação com o texto inicial, que tratam da taxação a compras internacionais de até US$ 50 e da autonomia do governo na política nacional de petróleo.
A chamada “taxa da blusinha” fora incluída pela Câmara com apoio do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e aprovada com uma alíquota de 20% após longa negociação com o Executivo. Na votação, outro jabuti foi incluído, criando a política de conteúdo local para o petróleo.
Se a retirada dos dois trechos for aprovada pelo Senado, o texto voltará à Câmara, mas Lira já avisou que o Mover “tem sérios riscos de cair junto”. As mudanças deveriam ser apreciadas ontem no plenário do Senado, mas, diante do impasse, a votação foi adiada para hoje. E após o adiamento, Cunha bateu pé e disse que não vai mudar seu relatório.
Fator político
Irritado, Lira telefonou para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está em viagem oficial ao Vaticano. Tanto o presidente da Câmara quanto os articuladores políticos do Palácio do Planalto foram pegos de surpresa com a decisão do relator. Na ligação, Lira lembrou a Haddad que cedeu por uma taxa menor que a prevista com o compromisso de aprovação no Senado e sanção do presidente Lula.
Mas a quebra do acordo decorreu de uma disputa política em Alagoas. Rodrigo Cunha foi escolhido pelo prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), como vice em sua chapa à reeleição. Lira queria um aliado na vaga, especialmente diante da possibilidade de Caldas renunciar para disputar outro cargo em 2026. Além disso, o prefeito revelou que pretende concorrer ao Senado, mesmo plano do presidente da Câmara.
Nessa disputa, Caldas e Cunha decidiram assumir a imagem de “defensores da blusinha”, deixando para Lira a pecha de “criador de impostos”.