Com a demissão de Bento Albuquerque do Ministério de Minas e Energia (MME), a permanência de José Mauro Coelho na presidência da Petrobras se tornou incerta. Há um mês no cargo, Coelho caiu em desgraça no Palácio do Planalto após o reajuste de 8,8% dos preços do diesel promovido pela estatal na semana passada. Ele foi indicado ao comando da petroleira pelo ex-ministro.
O novo aumento dos preços da Petrobras pressiona ainda mais a inflação dos combustíveis nas bombas. Com o nome de Coelho em xeque, Caio Paes de Andrade, da equipe econômica do governo, volta a ser cotado para presidir a companhia.
Questionado no domingo (15/5) sobre mudanças no comando da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro (PL) jogou a bola para o novo ministro de Minas e Energia. “Pergunta para o Adolfo Sachsida”, disse. O presidente da República afirmou que Sachsida, tem “carta branca”. Na sexta-feira (13/5), Bolsonaro já havia dito esperar que a troca no MME possibilite “mexer” na Petrobras de modo a fazê-la cumprir seu papel social.
A indicação de Sachsida para o MME foi uma vitória do ministro da Economia, Paulo Guedes. Entretanto, a política de preços, alinhada ao PPI e adotada pela Petrobras desde 2016, não é foco nem de Guedes, nem de seu ex-braço direito na Economia. Segundo o jornal Valor, Sachsida “transferiu” para o Planalto a responsabilidade da discussão sobre a política de preços da estatal. Se Coelho quiser tratar o assunto, terá de fazê-lo não com o MME, mas com Bolsonaro.
Duas fontes do alto escalão da equipe do presidente da República ouvidas pelo jornal O Estado de S.Paulo confirmam que Coelho está sob “fritura” no governo e que a demissão não é descartada. Além do presidente José Mauro Coelho, mais três diretores da Petrobras estão na mira do governo, segundo O Globo.
Aumentos recordes
A pressão sobre a Petrobras aumenta em meio a novos recordes nos preços dos combustíveis nos postos. O levantamento semanal da ANP mostra que o preço da gasolina subiu pela quinta semana consecutiva, atingindo novo valor recorde, em valores nominais, de R$ 7,298.
O aumento foi bem maior no diesel, cujos preços têm feito os caminhoneiros ameaçarem com uma possível paralisação a partir de 21 de maio. O litro do derivado subiu 3,27% na semana, de R$ 6,630 para R$ 6,847 – também um recorde. Foi a quarta semana seguida de alta nos postos.