O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), tem demonstrado grande incômodo com a visão que, supostamente, os goianienses têm dele. Nota publicada na coluna Giro de hoje é sintomática. Ao apagar as velas do bolo no aniversário surpresa preparado por auxiliares de seu gabinete, o prefeito pediu: “Não quero que me olhem como pastor, quero que me olhem como gestor.”
Incomoda Rogério a associação que os goianienses fazem com o fato dele ser pastor da Igreja Universal, vínculo reforçado pela forte presença da entidade religiosa, por meio de seu braço político, o partido Republicanos, na gestão municipal. O nome mais proeminente da administração, o secretário de Governo, Arthur Bernardes, por exemplo, é uma indicação direta da cúpula do partido e veio de Brasília para assumir como uma espécie de CEO do Paço Municipal.
No meio político é senso comum que Rogério não exerce, de fato, o poder na administração. A ausência do prefeito em alguns dos debates mais relevantes para a cidade, como a revisão do Plano Diretor e o novo Código Tributário, delegando esse papel aos auxiliares e se esquivando de falar sobre temas mais complexos, reforça essa percepção. É evidente também a ascendência que a Câmara Municipal tem sobre o Paço Municipal, espaço que o próprio Rogério, que é ex-vereador, abriu desde o início da gestão.
Questionado sobre esta suposta falta de comando em entrevista ao jornalista Jackson Abrão, no último dia 30, o prefeito respondeu na terceira pessoa: “Dizer de forma direta ou indireta que o prefeito Rogério Cruz não governa é inadmissível”. Em seguida, ele justificou o motivo pelo qual não admitiria terceirizar a gestão. “É impossível eu colocar meu CPF à disposição de outras pessoas para lá na frente me causar problemas. Então quem administra o município de Goiânia é o Rogério Cruz, sem dúvida.”