A comoção gerada pela morte de Iris Rezende, aos 87 anos, e o enaltecimento de seu grande legado para Goiás e, especialmente, para Goiânia, geram uma carga extra de cobrança para o prefeito Rogério Cruz (Republicanos), sucessor acidental de Iris na Prefeitura com a morte de Maguito Vilela no dia 13 de janeiro, em decorrências de complicações da Covid-19. O prefeito lembrou em entrevista ontem que as obras das gestões iristas na capital constituem um enorme legado, que servirão de monumento ao líder emedebista.
São muitas realizações e Rogério sabe que a comparação, que sempre esteve presente, se tornará maior agora. O prefeito assumiu o mandato prometendo seguir o plano de Maguito de dar continuidade aos projetos deixados por Iris, mas não começou bem assim. Numa jogada política, paralisou, por exemplo, as obras de reconstrução de 730 km de asfalto na cidade, que estavam em andamento desde a gestão anterior, e ainda colocou sob suspeita os contratos firmados. Depois que a medida teve o efeito necessário (tirar o ex-deputado Luiz Bittencourt do comando da Secretaria de Infraestrutura), as obras foram retomadas, mas deixou cicatrizes nos iristas e uma desconfiança da opinião pública.
A atual gestão herdou muitas ações em andamento, mas hoje praticamente todas as obras deixadas por Iris estão com o cronograma atrasado. Para ficar num único exemplo, o complexo viário da Jamel Cecílio era para ter sido concluído no primeiro semestre deste ano, segundo prometeu Rogério Cruz assim que assumiu de fato e por direito a cadeira de prefeito, mas até hoje não há uma data para a entrega. Atrasos em obras públicas não são incomuns, pelo contrário, mas existe um limite tolerável até começar a gerar desgastes.
Iris Rezende se eterniza como o grande tocador de obras de Goiás e, como sempre acontece com lideranças políticas da sua estatura, a dimensão do seu legado no inconsciente popular fica maior com sua morte. Rogério Cruz certamente será cobrado para concluir rapidamente tudo que o ex-governador deixou e ainda precisa imprimir sua marca com novos projetos para a cidade, caso queira buscar a reeleição. Tudo isto com espaço bem reduzido para recorrer à tradicional muleta política de transferir a culpa por eventuais problemas para o antecessor. Não pegaria bem. A boa notícia para Rogério – e para a cidade – é que Iris deixou a Prefeitura numa situação financeira confortável. A bola está com o prefeito e sua trupe.