Para tentar conter a inflação dos alimentos e recuperar a popularidade do presidente Lula (PT), o governo anunciou uma série de medidas para baixar os preços de alguns itens. O vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou que o imposto de importação de café, carne, açúcar, milho, óleo de girassol, azeite de oliva, sardinha, biscoitos e massa alimentícia será zerado.
A medida ainda precisa passar pela Câmara de Comércio Exterior. “É questão de dias”, disse Alckmin. Para ele, a decisão não deve prejudicar produtores locais, pois não se trata de uma substituição, mas de uma complementação.
Além disso, o Ministério da Agricultura vai acelerar a análise das questões fitossanitárias em relação a outros países para acelerar a comercialização.
O vice-presidente também pediu aos estados que zerem o ICMS incidente sobre itens da cesta básica, como já faz o governo federal. Alckmin destacou que Lula aprovou uma série de medidas sobre o tema, e que os anúncios desta quinta-feira são os primeiros de um pacote.
A alta no preço dos alimentos é apontada como uma das razões para a perda de popularidade de Lula, que atingiu na última pesquisa Datafolha o pior nível de aprovação de sua história.
“Acreditamos que esse conjunto de medidas vai ter sim um resultado importante. Claro que é preciso destacar que tivemos no ano passado uma queda grande nos preços dos alimentos no país. Depois é que aumentou, motivado por uma seca excepcional e pelo dólar”, disse Alckmin.
Caiado
O governador e pré-candidato a presidente da República, Ronaldo Caiado (União Brasil), aproveitou para criticar novamente o governo Lula. Em vídeo publicado nas redes sociais na noite desta quinta-feira (6/3), classificou as ações da gestão petista como “desastrosas”. Acusou ainda o Palácio do Planalto de promover um “gasto irresponsável”, que “teria aprofundado os problemas econômicos do país”.
“Um governo que cancelou o teto de gastos, aprovou um arcabouço fiscal e não o cumpriu, impôs um gasto irresponsável e perdulário, aumentou o endividamento do país e, com isso, elevou a taxa de juros, trazendo a inflação de volta”, frisou.
Caiado também criticou a decisão do governo Lula de isentar impostos sobre alimentos importados. Disse que a medida prejudica a indústria nacional e, principalmente, os produtores rurais. Para ele, a iniciativa configura uma “concorrência desleal e predatória” contra o setor produtivo do país.
“O governo federal está prejudicando quem gera riqueza, alimenta milhões de brasileiros e garante o superávit da balança comercial”, afirmou o goiano. “Na hora de governar, a esquerda é um zero à esquerda”, enfatizou.
Efeito limitado
Economistas ouvidos pelo jornal O Globo avaliam que o efeito prático das medidas do governo será limitado e que elas serão confundidas com a redução de preços já aguardada com a safra maior de grãos.
“Para setores que produzem muito no mercado doméstico, zerar a alíquota de importação é mais uma questão de marketing do que real impacto”, afirmou Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Já Juliana Inhasz, economista e professora do Insper, avalia que o efeito positivo não deve ser duradouro. “[As medidas] não resolvem os problemas em si, que são de taxa de câmbio mais alta, pressões que vêm de oferta menor aqui e lá fora. Ou seja, não são medidas que perdurarão muito tempo se não atacarem os problemas em si”, disse.