Diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e homem de confiança do ex-presidente, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi um dos principais alvos da operação da Polícia Federal nesta quinta-feira (25/1) contra suspeitos de envolvimento em uma operação de espionagem ilegal dentro do órgão.
Os policiais fizeram buscas na residência e no gabinete do parlamentar, encontrando celular e computador que pertenciam à Abin. Sete agentes da própria PF foram afastados porque teriam integrado o esquema de espionagem.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo da decisão que autorizou a operação. Nela, diz que Ramagem usou o órgão para fazer espionagem ilegal a favor da família do ex-presidente.
Segundo as investigações, a Abin usou, sem autorização judicial, um software de geolocalização para monitorar celulares de adversários do governo e de ministros do STF. Relatórios encontrados mostram que a Abin buscava relações de Moraes e Gilmar Mendes com a facção criminosa PCC.
As apurações apontam também que a agência teria sido “instrumentalizada” para monitorar ilegalmente pessoas envolvidas em investigações, como nos casos do assassinato da vereadora Marielle Franco e da “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro. Além de desafetos do ex-presidente, como os agora ex-deputados Rodrigo Maia e Joice Hasselmann.
Desmentidos
Flávio Bolsonaro negou que a Abin tenha sido usada para favorecê-lo. “O que nós vemos é uma salada de narrativas, inclusive antigas, já superadas, colocadas para imputar negativamente, criminalmente no nome da gente sem qualquer conjunto probatório”, afirmou Ramagem à GloboNews.
Disse também nunca ter tido acesso a senhas do sistema de espionagem, tendo exonerado o responsável pelo programa por se negar a informar como a ferramenta estava sendo usada. Sobre o celular e o computador da Abin encontrados em sua posse, alegou que são antigos. Questionado se, mesmo fora da agência, continuava recebendo informações, respondeu: “Tenho amigos na Abin, mas não recebo informação”.