Atualização (10 horas): O dólar à vista operava nesta terça-feira (17/12) com forte alta frente ao real, com o mercado digerindo a ata da mais recente reunião do Copom e à espera da decisão de juros do Federal Reserve. No início desta manhã, a moeda norte-americana operava com alta de 0,81%, cotada a R$ 6,15.
A última semana, antes do recesso parlamentar, também começou agitada em Brasília. Para acelerar a tramitação do ajuste fiscal no Congresso, o presidente da Câmara, Arthur Lira, anexou a PEC do corte de gastos a uma outra Proposta de Emenda à Constituição, de reforma tributária, que já está apta para ir à votação no plenário.
Com isso, a PEC do ajuste, que prevê restrições ao abono salarial e medidas para combater supersalários, não precisará passar pela análise da Comissão de Constituição e Justiça nem por uma comissão especial.
Já o governo federal avançou na liberação de indicações para agências reguladoras com a intenção de fortalecer sua base no Senado e destravar o pacote fiscal.
As nomeações saíram no Diário Oficial da União, e as escolhas foram alinhadas em reunião com o presidente Lula, antes de sua cirurgia, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o senador Davi Alcolumbre (União-AP).
O movimento é uma estratégia do governo para garantir apoio em temas prioritários, a começar pelo pacote fiscal.
Câmbio
A aprovação do pacote fiscal é essencial para tranquilizar os agentes financeiros. Os dois leilões extraordinários de câmbio feitos pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (16/12), injetando US$ 4,6 bilhões no mercado, não foram suficientes para segurar a escalada do dólar. A moeda americana fechou no maior valor nominal da história, com alta de 1,03%, a R$ 6,091. Já o Ibovespa encerrou o dia com baixa de 0,84%, aos 123.560 pontos.
Em um leilão extraordinário à vista, o BC vendeu US$ 1,6275 bilhão — maior valor em uma única intervenção desse tipo desde 10 de março de 2020 (US$ 2 bilhões). Em seguida, vendeu US$ 3 bilhões com compromisso de recompra, no chamado leilão de linha.
Apesar das intervenções, o real foi a moeda que mais se desvalorizou entre os países emergentes e as principais moedas do mundo.
Apelo
O ministro Fernando Haddad reuniu-se ontem com o presidente Lula em São Paulo, onde o presidente se recupera da cirurgia de emergência. Após o encontro, o ministro da Fazenda afirmou que o governo está empenhado em evitar alterações significativas nas propostas ao longo da tramitação na Câmara e no Senado.
“O apelo que o presidente está fazendo é para que as medidas não sejam desidratadas. Temos um conjunto de medidas que garantem uma robustez do arcabouço fiscal. Estamos convencidos de que vamos continuar cumprindo as metas fiscais nos próximos anos”, disse.