A pesquisa Serpes/Acieg divulgada na semana passada causou uma nova animação entre as lideranças no PSDB em Goiás que defendem uma ampla aliança da oposição no Estado, incluindo o PT, para a eleição contra o governador Ronaldo Caiado (DEM). Isto, num cenário tendo o ex-governador Marconi Perillo novamente candidato neste ano ao Palácio das Esmeraldas. As conversas já existem, mas de forma bem discretas, por questões locais e nacionais consideradas delicadas. No Estado, por causa da militância tucana goiana, em maior parte resistente à uma aliança com o PT. Nacionalmente por conta da pré-candidatura a presidente de João Doria, governador de São Paulo.
“As conversas até são fáceis, porque há interesses de ambos lados. O PT quer eleger maior número de deputados e um palanque forte para o ex-presidente Lula em Goiás. O PSB quer reeleger o deputado federal Elias Vaz. Nós queremos, claro, eleger bancada, mas principalmente eleger novamente Marconi para governador”, afirma uma liderança do PSDB. As dificuldades? “Existe resistência local, não há dúvida, mas o maior problema é nacional. Temos Dória como pré-candidato a presidente, que é muito ligado a Marconi. Se estas conversas avançarem, de fato, temos até as convenções partidárias de final de julho para acharmos uma saída”, cita.
A pesquisa estimulada Serpes/Acieg mostrou Marconi Perillo com 14,3% das intenções de votos, empatado tecnicamente com o prefeito Gustavo Mendanha (sem partido), com 13%, que caminha para uma candidatura ao governo de Goiás pela base do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os tucanos ficaram animados com a pesquisa por conta rejeição de 25% do ex-governador na pesquisa, que consideram “baixa” e próxima da de Ronaldo Caiado (leia mais aqui). Mas, também com a liderança folgada hoje de Lula (40%) entre os eleitores goianos (leia mais aqui).
A especulação sobre a possibilidade de aliança entre Lula e Marconi em Goiás não é de agora. Segundo aliados, ambos já teriam se encontrado pelo menos duas vezes no ano passado em São Paulo, o que o ex-governador nega. Apesar das enormes diferenças entre os dois, principalmente após o tucano goiano denunciar em 2006 o esquema do mensalão no então governo do PT, os dois demonstram que estariam superadas em nome de um projeto eleitoral comum: vencer o presidente Bolsonaro e o governador Caiado.
Se as divergências locais são mais fáceis de serem superadas, nacionalmente não será tão simples. É muito improvável que a cúpula nacional do PSDB libere seus candidatos a governador para aliança com outros candidatos a presidente, principalmente com o PT, nos Estados. Existe a possibilidade da pré-candidatura de João Doria não empolgar e fazer água até as convenções. Há tucanos que também defendem montar uma campanha paralela, ou seja, com um movimento Lula-Marconi. Mas isto, claro, não tem o mesmo resultado e dificilmente agradaria os petistas. E outra possibilidade, citada de forma muito reservada por tucanos em Goiás, é Marconi mudar de partido, indo para o PSB, por exemplo.