O deputado federal e pré-candidato a prefeito de Goiânia, Gustavo Gayer (PL/GO), é alvo de mais uma denúncia. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou o parlamentar goiano pelos crimes de injúria contra o presidente Lula (PT) e racismo contra o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.
A acusação de racismo também envolve declarações contra populações africanas. A denúncia da PGR parte de declarações feitas por Gayer durante participação em um podcast, em junho deste ano, e de uma publicação nas redes sociais.
O órgão também apresentou denúncia pelo crime de racismo contra Rodrigo Barbosa Arantes, apresentador do programa. Gayer e Arantes fizeram falas discriminatórias contra africanos, segundo a PGR. A denúncia foi apresentada pela vice-procuradora-geral da República, Ana Borges Coêlho Santos, na sexta-feira (17/11), em pedidos de investigação que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).
Entrevista
Na entrevista para o podcast “3 Irmãos”, Gayer afirmou que “o Brasil está emburrecido” e que democracias não prosperam na África por conta da “capacidade cognitiva” da população. Ele argumentou ainda que, na África, “quase todos os países são ditaduras”.
“Democracia não prospera na África porque, para você ter uma democracia, você precisa ter um mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado”, disse. “Tentaram fazer democracia na África várias vezes. O que acontece? Um ditador toma tudo, toma conta de tudo, e o povo [aplaude]”.
Depois das declarações ao podcast, o Ministério da Justiça havia acionado a Polícia Federal (PF) para tomar providências sobre o caso. Um conjunto de congressistas também acionou diretamente o STF pedindo apuração. A PGR pediu para que os processos tramitem em conjunto. A relatoria é da ministra Cármen Lúcia.
Acusações
Gayer, segundo a PGR, cometeu injúria contra Lula ao chamar o presidente de “bandido” e voltou a cometer racismo em uma publicação posterior em seu perfil no X (antigo Twitter). Na rede social, o deputado também teria cometido outro crime de racismo, ao ter vinculado a afrodescendência do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, a uma “suposta inferioridade do quociente de inteligência dos povos africanos e afrodescendentes”, conforme a PGR.
“Ambos [Gayer e Arantes] agindo voluntária e conscientemente, praticaram, induziram e incitaram discriminação e preconceito de raça, cor e procedência nacional”, disse Ana Borges, na denúncia. Caso o STF aceite a denúncia, os acusados passam à condição de réu e será aberta uma ação penal contra eles.
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