O IBGE vai ter um novo presidente: Marcio Pochmann (foto). O nome do economista foi anunciado nesta quarta-feira (26/7) à noite em meio a muita controvérsia. A escolha foi feita pelo próprio presidente Lula e anunciada pelo ministro da Comunicação, Paulo Pimenta. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, dava indícios de que manteria no cargo Cimar Azeredo, servidor de carreira que lidera o IBGE interinamente desde janeiro.
Desenvolvimentista e heterodoxo da Unicamp, Pochmann presidiu a Fundação Perseu Abramo e está à frente do Instituto Lula desde 2020, além de ter integrado a equipe de transição. Sua passagem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2007 e 2012, foi muito criticada, sob acusações de aparelhamento político e dirigismo ideológico.
Tentando evitar polêmica, antes da oficialização, Tebet disse a interlocutores que não imporia obstáculos, por não haver risco de ingerência política no IBGE, um órgão técnico e que “caminha sozinho”. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, ela chegou a classificar como aviltante a hipótese de manipulação de dados por interesses políticos.
‘Desrespeito’
Horas antes da oficialização, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que Tebet não terá dificuldades porque o Pochmann é uma “pessoa disciplinada, leal ao presidente”. Contudo, Simone Tebet, que tem o IBGE em sua estrutura, deu uma entrevista para a GloboNews antes da nomeação ser divulgada. Ela afirmou que não conhece Pochmann e tratou a troca do presidente do IBGE como “um desrespeito”.
A ministra também não foi avisada de que a confirmação do nome de Marcio Pochmann ocorreria ontem. “Só piora a situação. Ainda que o presidente tenha determinado que tivesse que ser Marcio Pochmann, precisa de elegância nesse processo”, avaliou.
Durante a entrevista, a ministra do planejamento também falou da importância de uma frente ampla que una o centro democrático nas eleições municipais de 2024. “Em nome do Brasil, da democracia e do povo brasileiro, nós não podemos dormir no ponto”, diz.
Economistas
A escolha de Pochmann também divide opiniões entre economistas, segundo o jornal o Estado de S.Paulo. O economista Alexandre Schwartsman considerou que a escolha mostra o aparelhamento do Estado. Elena Landau, responsável pelo programa econômico de Tebet à presidência, disse que ontem foi “um dia de luto para estatística brasileira”.
Já o economista e pesquisador da Unicamp Felipe Queiroz destacou a solidez do IBGE e desqualificou as críticas. Bruno Perez, diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE, afirmou que no governo Bolsonaro, Pochmann se manifestou contra intervenção e que na transição pareceu ser aberto ao entendimento dos problemas do instituto.
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