Com a alta do petróleo, a Petrobras pretende elevar os preços dos combustíveis nesta semana, segundo fontes do setor. O motivo é a defasagem do preço nas últimas semanas e que na manhã de ontem atingiu um dos maiores patamares da última década. De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abocom), o preço da gasolina no Brasil está 26% menor em relação aos valores internacionais. No caso do diesel, a diferença é de 30%.
O barril de petróleo tipo Brent, negociado na Inglaterra, atingiu o pico de US$ 139,13 ontem, enquanto o WTI, referência nos Estados Unidos, chegou a US$ 130,50. Ambos atingiram o ponto mais alto em julho de 2008, com o Brent em US$ 147,50 o barril e o WTI em US$ 147,27. A disparada ontem se deu em meio à possibilidade de os EUA impor embargos ao petróleo russo. Washington e aliados europeus consideram banir a importação de petróleo e gás natural da Rússia, como retaliação à invasão à Ucrânia.
Quem não gostou nada dessa possibilidade foi o presidente Jair Bolsonaro (PL), que convocou uma reunião com os ministros da Economia e de Minas e Energia e a Petrobras para tratar dos preços dos combustíveis. Bolsonaro disse que a paridade internacional do preço do petróleo é resultado de uma “legislação errada” e “não pode continuar acontecendo”. “Leis feitas erradamente lá atrás atrelaram o preço do barril produzido aqui e o preço lá de fora. Esse é o grande problema, nós vamos buscar solução para isso de forma bastante responsável”, afirmou.
Na reunião com o governo, especialistas sugeriram ao presidente um novo programa de subsídio aos combustíveis, com validade de três a seis meses. Para isso, seria necessário reeditar o modelo adotado em 2018, quando o governo do então presidente, Michel Temer, subsidiou o consumo de diesel. A ideia é ter um valor fixo de referência para a cotação dos combustíveis e subsidiar a diferença entre esse valor e a cotação internacional do petróleo. O pagamento seria feito a produtores e importadores de combustíveis.
Com as declarações de Bolsonaro e a pressão para a ação da Petrobras em relação aos combustíveis, as ações da companhia caíram 7,10% nesta segunda-feira. Isso levou a uma perda de valor de mercado de R$ 34,6 bilhões em apenas uma sessão.